A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que permite responsabilizar plataformas digitais por postagens de terceiros intensifica a discussão sobre o papel dos algoritmos na internet. Esses sistemas, presentes em redes sociais, determinam o que os usuários visualizam em seus feeds, muitas vezes sem controle público ou clareza sobre os critérios utilizados.
Funcionamento e Impactos
Os algoritmos operam com base em sistemas de recomendação que agrupam perfis por padrões de comportamento e consumo digital. A lógica é exibir conteúdos com alta probabilidade de gerar engajamento e retenção, priorizando interações em vez de relevância jornalística ou diversidade de informações.
Este modelo de curadoria, invisível ao público, pode amplificar publicações de baixa qualidade, favorecer o sensacionalismo e fortalecer “bolhas de opinião”. Além disso, concentra nas mãos das grandes plataformas o controle total sobre a distribuição de conteúdo, métricas de desempenho e até a remuneração de criadores.
“Os sistemas de recomendação não preveem o gosto individual, mas o da comunidade de gosto à qual o usuário pertence”, afirma Rose Marie Santini, professora da Escola de Comunicação da UFRJ e diretora do NetLab. “O sistema associa o indivíduo a um grupo com padrões de consumo parecidos e, com base nisso, sugere conteúdos.”
Desinformação e Regulação
A ausência de transparência nos algoritmos facilita a disseminação de desinformação em larga escala, impulsionada por interesses econômicos, políticos e criminosos. Grupos organizados utilizam táticas de propaganda computacional, como bots e perfis falsos, para manipular o debate público e criar engajamento artificial.
Diante deste cenário, a especialista aponta a necessidade urgente de uma ação em três esferas: cultural, política e econômica. É fundamental, segundo ela, que haja regulamentação clara das plataformas, transparência nos algoritmos e responsabilização daqueles que obtêm lucro com a disseminação de informações falsas.