Uma startup de Seattle criou uma bengala que parece saída de um filme de ficção, mas é real e tem um objetivo claro: dar mais segurança e autonomia para pessoas com deficiência visual. A empresa Glidance desenvolveu o dispositivo chamado Glide, que usa inteligência artificial, sensores e comandos de voz para orientar o usuário no dia a dia.
Como funciona
O Glide mistura componentes eletrônicos com a ideia básica da bengala tradicional para mapear o ambiente e identificar obstáculos. Ele combina rodas motorizadas e sensores com uma câmera estereoscópica de profundidade capaz de enxergar até 15 metros.
- Rodas de 7,5 polegadas com pneus de borracha e para‑choque dianteiro;
- Haste telescópica com comprimento ajustável e alça ergonômica, que traz feedback tátil e botões de controle;
- Câmera estereoscópica com alcance de até 15 metros e sensores para detectar obstáculos e quedas;
- Alto‑falante e microfone integrados e bateria com autonomia de até 6 horas;
- Peso aproximado de 3,5 kg, o que pode exigir que o aparelho seja carregado em trechos com escadas.
Como o usuário se orienta na prática? O Glide oferece dois modos de navegação: no modo Direcionado, a bengala dá instruções por voz usando rotas do Google Maps ou mapas pré‑carregados para seguir um trajeto definido. No modo Livre, as rodas giram de forma a preservar a autonomia do usuário — o sistema age apenas para redirecionar diante de obstáculos ou frear automaticamente quando for preciso, por exemplo ao atravessar uma rua.
Além das orientações por voz e dos comandos físicos, o equipamento emite alertas sonoros e vibrações para avisar sobre curvas, paradas e objetos próximos — incluindo obstáculos acima da cabeça ou no chão. As câmeras foram projetadas para reconhecer portas, escadas, elevadores e faixas de pedestres.
Preço, disponibilidade e impactos
O produto ainda não estava à venda, mas a empresa abriu uma lista de espera em seu site. O preço previsto é de US$ 1,5 mil (aproximadamente R$ 8 mil) e a empresa estimou uma assinatura mensal de US$ 30 (cerca de R$ 160) para atualizações de software e do sistema de navegação por IA.
A chegada do Glide ao mercado brasileiro deve trazer discussões importantes sobre políticas públicas, custos e formas de adoção — tanto em centros urbanos quanto no interior. Cidades como Salvador e Paulo Afonso, na Bahia, foram citadas como exemplos de contextos onde o tema precisará ser debatido.
Para quem convive com baixa visão ou cegueira, a promessa é oferecer mais independência sem eliminar o papel da bengala tradicional — uma ferramenta complementar com tecnologia para reduzir riscos no trajeto diário.