Na manhã de quarta‑feira (24), a SpaceX colocou em órbita três sondas que vão ajudar a entender melhor o chamado clima espacial — e até a definir onde termina a influência do nosso Sistema Solar. O foguete Falcon 9 decolou do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, às 7h30 (horário de Brasília) e seguiu rumo ao ponto de equilíbrio gravitacional Lagrange 1, a cerca de 1,5 milhão de quilômetros da Terra.
O que cada sonda fará
A principal é a IMAP (Interstellar Mapping and Acceleration Probe), missão da NASA avaliada em cerca de US$ 600 milhões (aproximadamente R$ 3,1 bilhões). Com dez instrumentos científicos, a IMAP vai monitorar o vento solar e analisar o pó interestelar que cruza o Sistema Solar. É como tirar uma radiografia da heliosfera, a bolha magnética que nos protege da radiação cósmica.
E por que isso importa? Além de ampliar o conhecimento básico, os dados da IMAP ajudam a prever níveis de radiação — informação essencial para programas tripulados como o Artemis e para planejar missões futuras a Marte. Fora da proteção geomagnética da Terra, os astronautas ficam mais expostos às partículas solares; previsões melhores significam decisões mais seguras, como ajustar rotas ou adiar atividades extraveiculares.
Acompanhando a IMAP foram lançadas a Carruthers Geocorona Observatory (CGO) e a SWFO-L1, esta última operada pela NOAA. O CGO vai observar a geocorona — a camada mais externa da nossa atmosfera, onde átomos de hidrogênio produzem um brilho tênue em ultravioletas — retomando estudos iniciados ainda na missão Apollo 16, agora com instrumentos modernos.
A SWFO-L1 ficará em Lagrange 1 para monitorar tempestades solares em tempo real, funcionando como um sistema de alerta antecipado. Esses avisos podem orientar ações para proteger satélites, missões tripuladas e infraestruturas críticas na Terra, como redes de energia.
Do ponto de vista operacional, a sequência de separações ocorreu conforme o esperado: cerca de 84 minutos após a decolagem a IMAP foi liberada em órbita de transferência interplanetária; em seguida vieram as separações da SWFO-L1 e, minutos depois, do Carruthers. O primeiro estágio do foguete retornou e pousou nove minutos após a decolagem. O lançamento marcou o 120º voo do Falcon 9 em 2025; mais de 70% das missões deste ano tiveram como destino a expansão da constelação Starlink.
Aplicações práticas
Os dados das três sondas devem ser úteis de várias maneiras. Pense nelas como sensores avançados que ajudam a proteger tanto pessoas quanto sistemas tecnológicos:
- Prever riscos de saúde para tripulações em missões espaciais;
- Ajudar a projetar blindagens mais eficazes para satélites;
- Emitir alertas que permitam proteger redes elétricas e outras infraestruturas críticas;
- Estimular programas de educação científica e parcerias universitárias, inclusive na Bahia e em outros países lusófonos.
A NASA e a NOAA usarão as informações obtidas em Lagrange 1 para emitir alertas operacionais e embasar estudos sobre a heliosfera. Os conjuntos de dados também vão subsidiar o planejamento de futuras missões tripuladas e pesquisas sobre os limites do Sistema Solar.
Em resumo: além da beleza e da tecnologia do lançamento, essas sondas trazem ferramentas práticas para proteger pessoas e sistemas aqui na Terra — e abrem portas para educação e pesquisa. É mais um passo para entender melhor a bolha que nos envolve no espaço e para tornar as próximas missões mais seguras e informadas.