Após o período de infecção ativa da dengue, que dura entre 5 e 14 dias, muitos pacientes podem experimentar uma fase conhecida como pós-dengue. Durante este estágio, indivíduos frequentemente relatam sentir-se excessivamente cansados, desmotivados e até mesmo apresentam sintomas de tristeza. Esses efeitos podem ser persistentes e são comparáveis, em certa medida, aos da Covid longa, uma síndrome amplamente discutida durante a pandemia de Covid-19.
O Dr. Werciley Junior, coordenador de Infectologia do Hospital Santa Lúcia em Brasília, explica que as infecções virais como a dengue demandam um esforço significativo do corpo para combatê-las, o que pode resultar em sequelas duradouras. O fígado, um dos órgãos mais afetados, pode sofrer com hepatite transinfecciosa devido ao estresse da luta contra o vírus. Além disso, o uso de medicamentos como o paracetamol, comumente administrado para aliviar sintomas da dengue, pode exacerbar a inflamação hepática.
Complicações mais graves, embora raras, incluem meningite, uma inflamação do cérebro, e pneumonias bacterianas, que surgem quando o sistema imunológico, já debilitado pela dengue, falha em combater infecções bacterianas subsequentes. Essa condição, por vezes referida como “ruinheira”, sugere um estado de debilidade prolongada após a recuperação da fase aguda da doença.
Para enfrentar tais desafios, o Dr. Junior recomenda que pacientes que se recuperaram da dengue façam um check-up abrangente algumas semanas após a infecção. Esse exame deve incluir testes para avaliar níveis de vitaminas, minerais e hormônios, além de verificar a saúde do fígado e dos rins. Dependendo dos resultados, tratamentos podem incluir a suplementação de nutrientes como a coenzima Q10 e a adoção de uma dieta rica em alimentos anti-inflamatórios, como a cúrcuma, para ajudar na recuperação e restauração do bem-estar.
