Muitas pessoas buscam melhorar a saúde e o bem-estar com procedimentos médicos que prometem resultados rápidos. No entanto, o que é vendido nas redes sociais por influenciadores e alguns profissionais de saúde pode não ter a eficácia esperada. Práticas chamadas de polêmicas, como a ozonioterapia e a aplicação do “soro azul” (azul de metileno injetável), levantam sérias preocupações e podem trazer riscos à saúde.
O que diz o especialista?
Quem alerta é o endocrinologista e professor Osmário Salles. Ele fala sobre a promoção da ozonioterapia aplicada na região anal e retal, vendida por alguns como um método natural para “limpar o sangue”.
Mas será que isso funciona mesmo? Segundo Salles, essas ações são enganosas e não têm efetividade real.
“Não existe remédio natural”, afirma Salles. “Toda vez que tem o nome natural do lado de uma droga é trambique. Hoje, falsas especialidades… estão chegando até a aplicar ozônio pelo ânus para limpar sangue. Colocam o medicamento nas veias e lógico que a urina sai azul e diz que estão limpando o sangue. O paciente paga R$ 10 mil reais para isso”, ele fala.
Conflitos de interesse?
O especialista também critica a forte ligação de alguns médicos com produtos e farmácias de manipulação que divulgam nas redes sociais. Essa prática, para Osmário, tem causado danos à saúde de quem procura esses tratamentos.
“Vejo muitos médicos com farmácias de manipulação, sendo sócios e que ganham dinheiro de laboratório”, aponta. “Isso é um absurdo e já está prejudicando a saúde de muita gente. Não existe remédio natural pra mim”, ele acrescenta.
Testosterona e riscos para mulheres
Outro ponto levantado por Salles é o uso de testosterona pelo público feminino. Ele explica que o consumo sem necessidade pode trazer prejuízos significativos. Mulheres usando testosterona de forma inadequada correm o risco de ter queda de cabelo, acne e outros problemas.
“Muitas dessas suplementações que se dizem naturais estão cheias de hormônios e anabolizantes. Isso causa problemas sérios para o coração”, fala Salles. Ele reforça que não há razão para mulheres jovens ou que menstruam usarem testosterona, pois dosar um nível baixo na mulher é difícil com exames comuns.
Salles observa que muitas meninas estão usando testosterona em doses muito altas. “Isso serve mais como anabolizante e prejudica muito, levando a engrossamento da voz, queda de cabelo, acne, aumento de clitóris, situações irreversíveis”, ele alerta. Mesmo na menopausa, segundo ele, não há motivo para usar o hormônio.
Existe apenas uma situação em que a testosterona é indicada para mulheres: a disfunção sexual hipoativa. Isso ocorre em mulheres que perderam o desejo erótico e a capacidade de orgasmo, o que causa prejuízo social. Nesses casos, é feito um teste terapêutico, sem necessidade de dosar a testosterona.