Em abril de 2025, o mundo da ciência e da tecnologia se surpreendeu com uma notícia de tirar o fôlego. A startup americana Colossal Biosciences falou sobre o nascimento de três filhotes que pareciam sair de uma lenda: animais geneticamente modificados para lembrar o lobo terrível, uma espécie que desapareceu há cerca de 10 mil anos.
Receberam os nomes de Rômulo, Remo e Khaleesi. Esses bichos foram criados a partir de mudanças nos genes de lobos-cinzentos. A ideia era copiar traços físicos do lobo terrível. A notícia causou tanto animação quanto discussões. Voltou a esquentar o debate sobre os limites éticos e científicos de tentar trazer espécies de volta.
Mas, afinal, o que sabemos de verdade sobre o lobo terrível? Como ele vivia? Por que ele sumiu do mapa? E o que significa essa “volta” para a ciência e para proteger a natureza?
Neste artigo, a gente vai explorar a história, as características e o impacto que tem esse retorno simbólico de uma das criaturas mais famosas da Era do Gelo.
O que era o lobo terrível?
O lobo terrível, conhecido pelos cientistas como Aenocyon dirus, foi um dos maiores parentes dos cães que viveram nas Américas há muito tempo, durante o Pleistoceno Superior.
Ele pesava entre 60 e 68 quilos. Tinha mandíbulas muito fortes e dentes que serviam para cortar carne e quebrar ossos. Isso era perfeito para caçar bichos grandes da época, como cavalos, preguiças gigantes e bisões.
Diferente dos lobos que vemos hoje, o lobo terrível tinha patas mais curtas. Isso indica que ele era melhor em atacar de surpresa do que correr atrás da presa por muito tempo.
Estudos de genética mais recentes falam que o lobo terrível se separou dos lobos-cinzentos faz uns 5,7 milhões de anos. Ele pertencia a um ramo diferente na árvore da evolução. Essa descoberta fez ele ser colocado em um gênero próprio, o Aenocyon. Isso mostra o quão único ele era entre os canídeos.
Por que o lobo terrível sumiu?
O lobo terrível desapareceu há mais ou menos 10 mil anos. Isso aconteceu durante um tempo em que muitas espécies de bichos grandes sumiram da Terra.
Acredita-se que o sumiço dele tenha a ver com o fato de depender de presas grandes. Também as mudanças no clima e a competição com outros predadores, como o lobo-cinzento, podem ter sido a causa. O fato de ele ser especialista em caçar bichos enormes pode ter sido crucial para desaparecer, ainda mais quando essas presas ficaram mais raras.
A “ressurreição” em laboratório
Como falamos, em abril de 2025, a Colossal Biosciences contou sobre o nascimento dos três filhotes. Eles foram modificados geneticamente para mostrar características do lobo terrível.
Os cientistas usaram DNA de lobos-cinzentos. Eles fizeram 14 alterações em genes para que os animais tivessem 20 traços físicos parecidos com os do lobo terrível, como mandíbula mais forte e pelo denso. As mães de aluguel carregaram os filhotes na barriga, e eles estão sendo criados em um lugar seguro e controlado.
A empresa diz que esses bichos são uma forma de trazer a espécie de volta. Mas especialistas destacam que eles não são lobos terríveis de verdade. São lobos-cinzentos que foram modificados.
O paleogeneticista Nic Rawlence falou que o DNA antigo do lobo terrível está muito quebrado para conseguir fazer um clone idêntico. Ele também falou que os lobos terríveis e os lobos-cinzentos se separaram na evolução faz entre 2,5 e 6 milhões de anos.
Rawlence também criticou o fato de a empresa ter feito só 20 mudanças em apenas 14 genes para dizer que era um lobo terrível. Ele mostrou preocupação com a ideia errada que esse projeto pode passar sobre proteger os bichos e a natureza.
O debate ético e científico
A ideia da Colossal Biosciences fez a discussão sobre a ética da engenharia genética e da “desextinção” voltar com tudo. Quem critica diz que seria melhor usar o dinheiro e os esforços para salvar espécies que estão sumindo agora.
Além disso, tem gente que questiona se os animais criados em laboratório vão ficar bem e se conseguiriam viver na natureza de novo. Por outro lado, quem defende essa tecnologia diz que esses projetos podem ajudar a ciência a avançar. Eles também podem fazer as pessoas se importarem mais com a conservação.
A Colossal Biosciences planeja usar essas mesmas técnicas para tentar trazer de volta outras espécies que sumiram. Eles querem tentar com o mamute-lanoso e o tilacino, por exemplo.