Um poema medieval egípcio pode estar descrevendo a explosão de uma estrela — e, segundo um estudo publicado na revista Astronomical Notes em agosto, esse relato teria sido feito por observadores no Egito entre dezembro de 1181 e maio de 1182.
O que o poema diz
Os pesquisadores analisaram um louvor ao governante Saladino (que reinou de 1174 a 1193), atribuído ao poeta e estudioso egípcio Ibn Sanā’ al-Mulk. No texto, o fenômeno aparece descrito como um corpo estelar, situado na constelação de Cassiopeia, e destacado como a estrela mais brilhante daquela região do céu.
O poema descrevia um aumento no número de estrelas e mencionava Cassiopeia como ornada por um anel, em louvor ao sultão.
O que os pesquisadores concluíram
Os autores observaram que o fato de o evento ter sido notado por pessoas leigas indica que o brilho foi relativamente intenso ou que o objeto permaneceu visível por um período prolongado — origem provável da ampla circulação do relato na época. A partir das descrições, a equipe estimou que a observação registrada no poema ocorreu nos meses seguintes ao brilho máximo da explosão.
Ao comparar os dados do poema com registros contemporâneos da China e do Japão, os pesquisadores concluíram que o relato é compatível com a conhecida Supernova de 1181. Segundo a equipe, a nova estrela teria surgido em Cassiopeia e permanecido visível por cerca de 185 dias.
Quando deixou de ser detectada a olho nu, a fonte apresentava magnitude próxima de 5–6 mag, no limite da visão sem instrumentos.
Por que isso importa
Reunir testemunhos independentes é como montar as peças de um quebra‑cabeça antigo: a cada relato adicional, a imagem do evento fica mais completa. Por isso os autores estão buscando outros textos do período que possam referir‑se ao mesmo fenômeno, na tentativa de descrever com mais precisão essa explosão estelar histórica.