Estudos feitos no Brasil, inclusive na Bahia, mostraram que tomar pílulas anticoncepcionais femininas não transforma esse remédio em contraceptivo masculino — e pode causar alterações hormonais indesejadas. A constatação aparece em revisões de evidências médicas e em artigo assinado por Mandy Clement, enfermeira com mestrado pela Universidade do Tennessee.
Como funciona e por que não protege homens
As pílulas femininas trazem versões sintéticas de estrogênio e progesterona. Esses hormônios impedem a ovulação nas mulheres, mas não bloqueiam a produção de espermatozoides nos homens. Para haver contracepção masculina eficaz é preciso reduzir ou interromper a espermatogênese — algo que as formulações femininas não fazem, porque não atuam na testosterona, o hormônio-chave da fertilidade masculina.
E se alguém tomar uma ou duas pílulas por engano? Na maioria dos casos o efeito é discreto: a dose é pequena e os sintomas, quando ocorrem, tendem a ser leves e temporários.
Sintomas mais comuns (curto prazo)
- Náusea
- Fadiga
- Cefaleia
- Variações de humor
Esses sinais costumam desaparecer depois que o uso é interrompido.
Riscos associados ao uso prolongado
Quando o consumo é contínuo, a literatura médica aponta alterações mais evidentes, como:
- Aumento discreto das mamas
- Redistribuição de gordura (mais em quadris)
- Mudanças na textura da pele
- Redução de pelos corporais
- Diminuição da libido
- Comprometimento da qualidade dos espermatozoides
O aumento relativo do estrogênio pode gerar um desequilíbrio hormonal capaz de afetar a fertilidade masculina. Outros efeitos já relatados em usos prolongados incluem perda de massa muscular, risco de osteoporose, dificuldade de concentração e afrontamentos. Em alguns casos clínicos foram observados também comprometimento hepático e maior risco de formação de coágulos sanguíneos, com potencial para trombose.
Observação importante sobre terapia hormonal
O material consultado deixa claro que a terapia hormonal para pessoas trans não se faz com anticoncepcionais femininos comuns. A transição exige regimes hormonais individualizados e acompanhamento médico especializado.
Alternativas e pesquisas em andamento
Como métodos de contracepção masculina já reconhecidos estão o preservativo e a vasectomia. Na pesquisa e desenvolvimento há tecnologias em avaliação clínica, por exemplo:
- RISUG (injeção contraceptiva em estudo)
- Géis que modulam a testosterona
- Formulações de pílula masculina
Essas abordagens sinalizam avanços promissores, mas ainda dependem de testes e aprovações.
Para a população baiana e brasileira, a conclusão prática é direta: orientação médica e acesso a informações confiáveis em serviços de saúde são essenciais. Os efeitos variam conforme a dose e a duração da exposição hormonal, por isso a escolha e o uso de métodos contraceptivos devem ser feitos com acompanhamento profissional.