Pesquisadores de uma equipe internacional, sob a liderança de Marcel Binz do Helmholtz Munich, desenvolveram um inovador sistema baseado em inteligência artificial (IA) capaz de reproduzir com notável fidelidade o comportamento humano. O avanço representa um passo significativo na busca por uma inteligência artificial geral, sistema que busca imitar amplamente a complexidade da mente humana.
Empresas globais, como OpenAI e Meta, têm direcionado investimentos substanciais para o desenvolvimento de inteligências artificiais que se aproximem cada vez mais das capacidades cognitivas humanas. Embora as IAs existentes já se destaquem em atividades específicas, como jogos de xadrez ou previsões de estruturas proteicas, a replicação completa da cognição humana ainda é um desafio complexo.
O Modelo Centauro e seu Treinamento
Utilizando o modelo de linguagem LLaMA, da Meta, os cientistas criaram o sistema denominado Centauro. Este modelo foi submetido a um treinamento intensivo com informações de 160 experimentos psicológicos, abrangendo a análise de 10 milhões de respostas fornecidas por 60 mil voluntários. O objetivo central era capacitar o Centauro a reagir como um participante humano em experimentos clássicos da psicologia, incluindo jogos de tomada de decisão e exercícios de memorização.
Os resultados demonstraram que o Centauro não apenas replicou os padrões de escolha característicos dos seres humanos, mas também evidenciou habilidades de generalização. Por exemplo, em situações onde o cenário de um jogo era alterado – como de uma nave espacial para um tapete voador – o modelo manteve a mesma estratégia de raciocínio, comportamento similar ao observado em humanos.
Resultados e Perspectivas Futuras
Um aspecto notável do Centauro foi sua performance em tarefas que não faziam parte de seu treinamento inicial. O sistema se destacou em questões de raciocínio lógico, respondendo de forma que mimetizava o comportamento humano, inclusive replicando alguns erros comuns. Em outro teste, o modelo previu com maior acurácia o comportamento de jogadores humanos em comparação com o de jogadores artificiais, sinalizando sua sensibilidade a nuances sociais.
Embora o Centauro não proponha uma nova teoria sobre a mente, cientistas como Binz veem o sistema como uma ferramenta promissora para testar e validar conceitos acerca da cognição humana. A equipe responsável pelo projeto planeja agora ampliar a base de dados utilizada no treinamento e aprimorar o sistema, buscando aproximá-lo ainda mais da complexidade inerente ao pensamento humano.