A NASA anunciou que o rover Perseverance encontrou, em amostras coletadas em Marte, sinais que podem indicar vida passada. A descoberta foi apresentada em uma coletiva na quarta-feira (10) e detalhada em um artigo publicado na revista Nature no mesmo dia.
O que foi encontrado
Em julho de 2024, o rover coletou a 25ª amostra, chamada Cânion Safira, na borda oeste da cratera Jezero, na região conhecida como Neretva Vallis. As pedras vêm de uma unidade geológica chamada Bright Angel, rica em argilas — um tipo de rocha que, na Terra, costuma preservar pistas sobre ambientes antigos.
As análises preliminares apontaram para a presença de elementos como fósforo e ferro em formas que, por aqui, muitas vezes aparecem ligados à matéria orgânica ou a processos biológicos. Em algumas amostras foram vistas manchas pontilhadas — descritas pelos pesquisadores como parecidas com sementes de papoula ou com o padrão da pele de um leopardo — que poderiam lembrar fósseis de microrganismos subterrâneos.
A combinação de minerais sugere que, no passado, aconteceram reações químicas complexas em condições de baixa temperatura e sem oxigênio — cenários que, teoricamente, permitiriam algum tipo de metabolismo microbiano. Mas será que isso é prova de vida? Ainda não: explicações sem origem biológica também são plausíveis.
“O achado não é prova conclusiva de vida”, afirmaram os cientistas.
E agora?
Para confirmar ou descartar uma origem biológica seria necessário trazer as amostras para laboratórios na Terra, onde análises muito mais detalhadas são possíveis. Esse passo, porém, enfrenta desafios logísticos e orçamentários significativos — não é só ciência, é também engenharia, coordenação internacional e dinheiro.
O anúncio reacendeu debates em centros de pesquisa e em iniciativas de divulgação científica no Brasil, incluindo discussões na Bahia, sobre o que uma descoberta assim representaria para a ciência e para a educação.
Divulgação: programa Olhar Espacial
O tema será debatido no programa Olhar Espacial desta sexta-feira (12). O episódio será apresentado por Marcelo Zurita — presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Bramon e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil —, com a participação da astrobióloga Ana Carolina Souza Ramos de Carvalho, que tem graduação em Ciências Biológicas pela UNISA e pós-doutorado em Biotecnologia pela USP.
A transmissão ocorrerá ao vivo pelos canais oficiais do programa nas seguintes plataformas:
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Próximos passos da investigação
Os responsáveis pela missão confirmaram que os próximos trabalhos incluem:
- Análises complementares das imagens e dos dados remotos coletados pelo rover;
- Estudos mineralógicos adicionais das amostras já reunidas;
- Esforços para viabilizar o retorno de material marciano à Terra — considerado essencial para uma conclusão definitiva.
Em resumo: trata-se de um achado promissor que acende muitas perguntas. Ainda não temos uma resposta final, mas a pesquisa avançou um passo importante na busca por sinais de vida além da Terra.