O óxido nitroso, conhecido como ‘gás do riso’, tem uma história curiosa: age rápido como anestésico e provoca euforia quando inalado, mas também traz riscos que exigem atenção profissional.
Breve história
O composto foi descoberto pelo químico Joseph Priestley em 1772. No século XIX, experiências públicas — como a apresentação de Gardner Colton em 1844 — mostraram o efeito hilariante do gás, gerando as famosas sessões de ‘gases hilariantes’. Observações de pesquisadores como Humphrey Davy registraram euforia, tontura, dormência e alívio da dor. Em 1863, Colton passou a usar o gás em procedimentos dentários, consolidando seu papel anestésico.
Como age no corpo
O N₂O é um gás incolor, com aroma levemente adocicado e baixa solubilidade no sangue. Seus efeitos começam em cerca de 30 segundos e tendem a desaparecer aproximadamente 60 segundos após a interrupção da inalação, sendo eliminado pelos pulmões sem deixar resíduos metabólicos.
No sistema nervoso, ele afeta a liberação de neurotransmissores como dopamina e endorfinas, atuando em regiões ligadas às emoções e ao controle inibitório. O resultado pode ser relaxamento, sensação de leveza e risadas espontâneas.
Como analgésico, mostrou eficácia comparável a 15 mg de morfina e foi usado em cenários de emergência — por exemplo, traumas e infartos — além de reduzir a ansiedade em crianças. Em relatos clínicos, as sensações de calma e euforia surgem em cerca de 3 a 5 minutos, sem provocar sono profundo.
Uso clínico e procedimento
Em ambiente médico ou odontológico, o procedimento normalmente envolve inalação por máscara, com dosagem ajustada por médico ou dentista e, muitas vezes, combinada com anestésico local. Os efeitos desaparecem poucos minutos após a interrupção, permitindo um retorno rápido às atividades.
Riscos e contraindicações
Mas por que isso importa? Porque, apesar da utilidade, o N₂O tem limites claros. Entre as contraindicações e riscos estão:
- Não é recomendado para crianças menores de 2 anos;
- Atenção em pacientes com problemas respiratórios ou congestão nasal;
- Contraindicado em casos de deficiência de vitamina B12 e em pacientes com transtornos psiquiátricos graves;
- Por ser mais solúvel que oxigênio e nitrogênio, pode se acumular em cavidades aéreas, sendo desaconselhado em casos de pneumotórax, obstrução intestinal ou logo após mergulhos, por risco de embolia;
- Pode alterar a frequência respiratória e elevar a pressão intracraniana, exigindo supervisão médica criteriosa.
Outros usos e regulamentação
Fora da área médica, o N₂O foi e é usado como propelente em latas de chantilly e, na mecânica, para aumentar potência em motores e até em aplicações aeroespaciais. Em países como o Brasil, o uso costuma permanecer restrito a fins medicinais, sob regulamentação e supervisão profissional.
Em suma, o óxido nitroso é uma ferramenta valiosa quando usada com controle: rápida no efeito e de curta duração, mas não isenta de riscos que exigem avaliação e monitoramento por profissionais de saúde.