O oceano abriga criaturas que parecem ter saído de um filme de ficção científica — formas, cores e estratégias que fogem ao comum. Aqui estão oito exemplos que lembram justamente isso: seres do raso até as zonas abissais, cada um com soluções surpreendentes para viver no escuro, no frio ou à deriva.
Os oito estranhos do mar
- Dragão-negro (Idiacanthus atlanticus)
- Polvo-dumbo (Grimpoteuthis)
- Lula-vampira-do-inferno (Vampyroteuthis infernalis)
- Aequorea victoria (água-viva bioluminescente)
- Caravela-portuguesa (Physalia physalis)
- Hapalochlaena lunulata (polvo de anéis azuis)
- Phylliroe bucephala (nudibrânquio pelágico)
- Peixe-lua (Mola mola)
Dragão-negro é um bom exemplo do que chamamos de dimorfismo sexual extremo: a fêmea tem corpo alongado, dentes longos e um filamento luminoso sob o queixo; o macho é bem menor, acastanhado e sem dentes. Usa bioluminescência de um jeito curioso — chega a enxergar o próprio brilho para achar presas — e vive em águas frias e escuras do hemisfério sul, em profundidades de até 2.000 metros.
Polvo-dumbo (Grimpoteuthis) lembra o personagem Dumbo pelas duas nadadeiras arredondadas acima dos olhos, que funcionam como “orelhas” e ajudam no nado. É um cirrado de corpo gelatinoso e translúcido, com braços ligados por uma membrana e filamentos ao longo deles. Já foi encontrado em até 7.000 metros, no Pacífico Norte, Atlântico e no mar da Tasmânia.
Lula-vampira-do-inferno ganhou esse nome por sua aparência dramática: olhos grandes, braços unidos por uma capa que lembra um manto e a capacidade de enrolar os braços para parecer maior. Produz lampejos luminosos no escuro profundo e é o único representante sobrevivente da ordem Vampyromorphida, adaptada a zonas com baixíssimo oxigênio.
Aequorea victoria é uma água-viva translúcida cuja graça é emitir flashes em tons de azul e verde. Foi registrada ao longo da costa oeste da América do Norte, do Mar de Bering até a Califórnia, nos Estados Unidos, tanto perto da costa quanto em mar aberto.
Caravela-portuguesa flutua graças a uma bexiga cheia de gás e segue o vento e as correntes. Não é um único animal, mas um sifonóforo — uma colônia de indivíduos conectados que funcionam como partes de um mesmo organismo. Tem tons que vão do azul ao roxo e rosa translúcido, e seus longos tentáculos carregam células venenosas que imobilizam presas pequenas e podem causar queimaduras intensas em humanos.
Hapalochlaena lunulata, o polvo-de-anéis-azuis, destaca-se pelos anéis brilhantes e pelo corpo compacto. É apontado como uma das espécies de polvo mais venenosas; os anéis atuam como sinal de alerta. Vive de forma bentônica e solitária em águas tropicais e subtropicais do Indo-Oeste do Pacífico, em fundos rasos com recifes, areia e detritos.
Phylliroe bucephala é um nudibrânquio pelágico translúcido e lateralmente achatado, o que facilita seu deslizar na coluna d’água. Tem uma cauda longa para locomoção e dois rinóforos alongados — estruturas parecidas com antenas usadas para detectar o ambiente e localizar presas.
Peixe-lua (Mola mola) tem silhueta arredondada, corpo achatado e enormes nadadeiras superior e inferior, sem cauda bem definida — por isso lembra uma lua cheia. É um dos maiores peixes ósseos do planeta, com pele grossa e áspera muitas vezes marcada por padrões irregulares, e ocorre em águas temperadas e tropicais de todos os oceanos.
No conjunto, essas espécies mostram a inventividade da vida marinha: bioluminescência, dimorfismo sexual extremo, colônias que funcionam como um único corpo e formas físicas que parecem desafiar a nossa ideia do que é um “peixe” ou um “polvo”. Não é impressionante como o oceano continua a nos surpreender?

