A percepção de que aparelhos eletrônicos se tornam obsoletos rapidamente, como celulares que travam após poucos anos de uso ou computadores que não acompanham as atualizações de software, não é apenas uma impressão comum. Essa prática, conhecida como obsolescência programada, representa uma estratégia intencional de fabricantes para limitar a vida útil de produtos e estimular a aquisição de novos itens no mercado.
No cerne da obsolescência programada, encontra-se o planejamento da durabilidade de um bem. Isso significa que dispositivos como smartphones, tablets e notebooks são projetados para um período de funcionamento ótimo. Após esse intervalo, eles podem apresentar falhas, desempenho reduzido ou simplesmente perder a compatibilidade com tecnologias mais recentes, incentivando o consumidor à troca.
Embora mais evidente no setor de eletrônicos e eletrodomésticos, impulsionado pela rápida inovação tecnológica, essa estratégia não se restringe a esses segmentos. Mobiliário, utensílios e até mesmo o vestuário são exemplos de categorias onde a fragilidade dos materiais, mudanças de design ou tendências de moda contribuem para um ciclo de consumo acelerado.
Como funciona
A origem da obsolescência programada remonta à década de 1920, nos Estados Unidos. Com a saturação do mercado automobilístico, as montadoras começaram a introduzir alterações anuais no design dos veículos. Essa tática fazia com que modelos antigos parecessem defasados, mesmo em perfeito estado de funcionamento, impulsionando a demanda por carros mais novos.
Atualmente, a prática se manifesta em diversas modalidades:
- Obsolescência de durabilidade: Produtos fabricados com materiais de baixa qualidade, projetados para um desgaste rápido ou para quebrar em um curto espaço de tempo.
- Obsolescência funcional: Ocorre quando o reparo do aparelho é dificultado por fatores como a indisponibilidade de peças de reposição, tornando a compra de um novo produto mais atrativa do que o conserto.
- Obsolescência por software: O dispositivo mantém sua integridade física, mas seu desempenho é comprometido pela ausência de atualizações do sistema ou pela introdução de softwares que exigem maior capacidade de processamento, tornando-o lento e ineficaz.
- Degradação ou bloqueio por software: Alguns aparelhos são intencionalmente programados para ter seu desempenho reduzido após um período de uso, ou são afetados por atualizações que limitam suas funcionalidades.
- Obsolescência tecnológica: O produto, embora ainda funcional, torna-se incompatível com novas tecnologias e padrões de mercado, como celulares que deixam de receber suporte para as versões mais recentes de seus sistemas operacionais.
- Obsolescência psicológica: É a estratégia mais sutil, que explora o desejo do consumidor por novidades. O lançamento de modelos com mínimas inovações pode levar o consumidor a considerar seu aparelho atual obsoleto, mesmo que ele esteja em perfeito estado.
O impacto dessas estratégias é significativo para o consumidor, que se vê frequentemente impelido a substituir itens, e também para o meio ambiente, devido ao aumento da geração de resíduos eletrônicos e de outros materiais.