O medicamento para emagrecimento Mounjaro (tirzepatida) está em falta em várias redes de farmácias brasileiras após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar seu uso para tratamento de obesidade e sobrepeso nesta segunda-feira (9). A nova indicação, publicada no Diário Oficial da União, amplia o escopo do medicamento que anteriormente era autorizado apenas para diabetes tipo 2.
A aprovação permite que o Mounjaro seja prescrito para adultos com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m² (obesidade) ou acima de 27 kg/m² (sobrepeso) quando associado a pelo menos uma comorbidade, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes. O tratamento deve ser combinado com atividade física e dieta de baixa caloria.
Desabastecimento generalizado nas farmácias
A demanda pelo medicamento superou todas as expectativas da fabricante Eli Lilly. Até as 15h de terça-feira (10), todas as dosagens do Mounjaro estavam indisponíveis nos sites das farmácias do grupo RD, que inclui Drogasil e Droga Raia. Em outras redes como DPSP (Drogarias São Paulo e Pacheco), apenas a concentração de 2,5 mg estava disponível.
Em nota oficial, a Eli Lilly reconheceu que “o lançamento no Brasil, em maio deste ano, apresentou uma demanda sem precedentes”. A farmacêutica admitiu estar enfrentando “disponibilidade intermitente das dosagens de 2,5 mg e 5 mg”, apesar de ter fornecido um volume consideravelmente maior do que a demanda esperada.
Preços e programa de desconto
O Mounjaro está sendo comercializado através do Programa Lilly Melhor Para Você com preços diferenciados. No e-commerce, os valores são R$ 1.406,75 para a dosagem de 2,5 mg e R$ 1.759,64 para 5 mg. Nas lojas físicas, os preços sobem para R$ 1.506,76 (2,5 mg) e R$ 1.859,65 (5 mg).
Para compras fora do programa de fidelidade, os valores podem chegar a R$ 1.907,29 (2,5 mg) e R$ 2.384,34 (5 mg), considerando a alíquota de 18% de ICMS. A tirzepatida é disponibilizada em caneta autoinjetora de dose única, com embalagens contendo quatro canetas equivalentes a um mês de tratamento.
Vendas ilegais proliferam nas redes sociais
Paralelamente à escassez nas farmácias legais, crescem as vendas ilegais do medicamento nas redes sociais. Em Ribeirão Preto, um perfil no Instagram oferece combos com quatro doses por R$ 1.490 e promete entrega no mesmo dia, sem exigência de receita médica. A comercialização inclui até serviço de delivery e envio pelos Correios para diversas cidades paulistas.
No Ceará, influenciadoras digitais chegam a vender o medicamento por até R$ 6.900 na caneta completa e R$ 1.600 na dose fracionada. A Anvisa classifica essa prática como ilegal, uma vez que a comercialização só pode ser feita por farmácias licenciadas mediante receita médica.
Superioridade em relação aos concorrentes
Os estudos clínicos demonstram que o Mounjaro apresenta eficácia superior aos concorrentes. Na dose mais alta (15 mg), os pacientes perderam em média 22,5% do peso corporal, enquanto na dose de 5 mg a perda foi de 16%, comparado a apenas 0,3% no grupo placebo. Cerca de 40% dos participantes perderam mais de 40% do peso corporal total.
Em comparação direta com a semaglutida (Ozempic/Wegovy), a tirzepatida promoveu perda de peso 47% maior após 72 semanas de tratamento. A redução média foi de 22,8 kg com Mounjaro contra 15 kg com Wegovy.
Efeitos colaterais e contraindicações
Os efeitos colaterais mais frequentes incluem náuseas, vômitos e diarreia, geralmente leves a moderados e que tendem a melhorar com o tempo. O medicamento também pode causar hipoglicemia, principalmente quando usado junto com outros antidiabéticos, além de dor abdominal, gases e refluxo gastroesofágico.
O Mounjaro é contraindicado para menores de 18 anos, gestantes, lactantes e pessoas com diabetes tipo 1, pancreatite ou histórico de câncer de tireoide. Deve ser usado com cautela em pacientes com gastroparesia, retinopatia diabética ou problemas renais.
A Eli Lilly informou que já garantiu a importação de volumes adicionais para o Brasil e está trabalhando para estabilizar o abastecimento, embora desafios de disponibilidade possam persistir nas próximas semanas. A empresa recomenda que pacientes entrem em contato com diferentes farmácias para verificar disponibilidade e reforça que o medicamento deve ser usado apenas sob prescrição médica.