Na noite de segunda-feira (3), às 22h39, um meteoro classificado como bola de fogo cruzou o céu de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Mesmo com a Lua quase cheia — cerca de 96% de iluminação — o fenômeno foi visto por observadores e registrado por câmeras.
O que os pesquisadores disseram
O professor Carlos Fernando Jung, do Observatório Heller & Jung, em Taquara (RS), estimou a magnitude em -4.4. Segundo ele, o clarão veio da passagem de um fragmento de um corpo celeste ainda sem identificação.
Mais registros pelo estado
Já nas primeiras horas de terça-feira (4) houve novas imagens. Câmeras na região de Passo Fundo e em Santa Maria captaram meteoros, e sequências de fotos e vídeos reunidos pela rede de observação confirmaram vários clarões em pontos distintos do Rio Grande do Sul. Quem acompanha o céu sabe: um enxame pode deixar rastros em lugares bem distantes entre si.
As Táuridas do Sul
Especialistas associaram os episódios à chuva de meteoros conhecida como Táuridas do Sul, formada por detritos do cometa 2P/Encke. As Táuridas têm algumas características marcantes:
- duração prolongada;
- taxa baixa de meteoros por hora;
- porém, com frequência aparecem fragmentos maiores que geram bolas de fogo visíveis a olho nu, às vezes com cores perceptíveis.
Brilho e classificação
O brilho dos meteoros é medido pela escala de magnitude astronômica: valores menores significam objetos mais brilhantes. Na mesma noite, a Lua tinha magnitude de cerca de -12.26. Para comparação, o Sol chega a aproximadamente -27. Segundo a Sociedade Americana de Meteoros, um meteoro com brilho igual ou superior ao de Vênus (por volta de -4) é considerado bola de fogo; quando há explosão e estrondo, o fenômeno pode ser classificado como bólido.
“Meteoro não é sólido, não é líquido nem gasoso, é apenas luz”, disse Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia e membro da Sociedade Astronômica Brasileira.
Monitoramento e próximas etapas
No calendário de 2025, a Organização Internacional de Meteoros (IMO) havia previsto um enxame taurídeo para o mês, com aumento de rastros luminosos e bolas de fogo durante cerca de uma semana, e o auge apontado para o dia 3, segundo a plataforma Starwalk Space. Redes e observatórios, como a Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon), seguiram em vigilância para registrar novos eventos e reunir dados.
Os registros coletados agora ajudarão a esclarecer a origem e as características desses fragmentos — e manterão quem gosta de olhar para o céu atento às próximas noites.

