Salvador, na Bahia — Mesmo depois de acumular perdas bilionárias na sua divisão de dispositivos, a Meta continuou a investir pesado em hardware e em inteligência artificial. A decisão virou uma aposta clara no futuro, embora com um preço alto no presente.
Perdas e projeções
Nos últimos quatro anos, o segmento Reality Labs — responsável por óculos de realidade virtual e produtos como os Ray‑Ban inteligentes — registrou mais de US$ 68 bilhões em prejuízos. Analistas projetam que a unidade terá novos prejuízos de quase US$ 20 bilhões só em 2025. A pergunta que fica é simples: por que seguir em frente apesar desse rombo?
O produto que virou exemplo
A resposta aparece em parte nos dispositivos lançados. A Meta apresentou o Ray‑Ban Display, óculos que projetam informações na lente, oferecem legendas ao vivo e respondem a comandos por gestos. O aparelho foi vendido por US$ 799 — bem abaixo do headset Vision Pro da Apple, cotado a US$ 3.500. Em demonstrações houve falhas, mas o produto também despertou interesse entre consumidores e mercados.
- Projeção de dados diretamente na lente;
- Legendas ao vivo para o que é ouvido;
- Comandos por gestos, sem precisar pegar o celular.
A empresa passou a tratar os óculos como uma porta de entrada para o que vem a seguir na IA. O CEO Mark Zuckerberg chegou a chamar o dispositivo de essencial para o desenvolvimento da chamada “superinteligência”.
Analistas e especialistas destacaram vantagens estratégicas que ajudaram a sustentar a aposta. Entre elas: uma base global de cerca de 3,5 bilhões de usuários ativos, receitas sólidas de publicidade — que dão folga financeira para investir — e tecnologias próprias de IA, como os modelos Llama. Como resumiu Brian Nowak, do Morgan Stanley, a empresa segue uma “abordagem full stack”.
Na visão dos analistas, combinar hardware, software e acesso a volumes massivos de dados pode ser o caminho para a Meta se posicionar num futuro em que a IA dispute com o smartphone o papel de principal interface digital.
Fontes e projeções indicam que a companhia deve manter altos níveis de investimento em hardwares conectados à IA, enquanto seus resultados financeiros continuam sob forte escrutínio ao longo de 2025. É uma estratégia de longo prazo que ainda precisa provar, no curto prazo, se vale o custo.