O planeta Mercúrio, muitas vezes ofuscado pelo brilho intenso do Sol e pela sua própria proximidade com este astro rei, teve um período em que desapareceu completamente de nossas vistas. Isso aconteceu devido a um fenômeno conhecido como conjunção solar, um momento em que Mercúrio passa entre a Terra e o Sol, tornando-se invisível contra o pano de fundo brilhante da luz solar. Mas agora, esse pequeno mensageiro dos deuses está de volta, reemergindo no horizonte oeste ao entardecer e dando aos observadores do céu noturno mais uma chance de testemunhar sua beleza.
Vamos mergulhar nos detalhes desse espetáculo celeste. A conjunção solar superior de Mercúrio ocorreu no dia 28 de fevereiro, uma disposição que colocou o planeta diretamente oposto ao Sol em relação à nossa perspectiva terrestre, a impressionantes 57,236 milhões de quilômetros de distância. Durante essa conjunção, Mercúrio foi engolido pela luminosidade do Sol, tornando-se invisível ao nossos olhos por algumas semanas e sinalizando seu breve “desaparecimento” do céu noturno.
Entretanto, o planeta não demorou a fazer seu retorno triunfal. Essa fase de invisibilidade é apenas uma parte do ciclo sinódico de Mercúrio, que dura 116 dias. Este é o tempo necessário para que o planeta complete uma revolução em relação ao Sol a partir de nossa perspectiva na Terra. Agora, ao retornar à visibilidade, Mercúrio marca sua presença como um objeto vespertino, adornando o horizonte oeste logo após o pôr do sol.
A beleza dessa reaparição é magnífica. Atualmente, o planeta pode ser visto cerca de 45 minutos após o Sol desaparecer, seu brilho se destacando próximo ao horizonte como uma “estrela” cintilante com tonalidades amarelo-alaranjadas. Neste momento, Mercúrio ostenta uma magnitude de -1,3. Para colocar isso em perspectiva, essa magnitude o torna o quarto objeto mais brilhante do céu noturno, logo atrás de corpos celestes tão proeminentes quanto Vênus, Júpiter e a estrela Sirius.
A altura de Mercúrio no céu só aumentará, atingindo seu pico na próxima sexta-feira, quando estará em seu ponto mais alto no céu noturno. Mesmo assim, sua visibilidade ainda será um desafio, já que o planeta permanecerá relativamente baixo no horizonte. À medida que os dias avançam, o brilho de Mercúrio diminuirá gradualmente, atingindo uma magnitude de -0,1, equiparando-se ao brilho da estrela Arcturus, na constelação de Boötes. Ainda assim, a visibilidade de Mercúrio continuará sendo um espetáculo digno de nota, especialmente considerando que o planeta se põe mais de 90 minutos após o ocaso.
Para os entusiastas da observação celeste, a janela para apreciar Mercúrio está se fechando rapidamente. Até o final de março, o planeta diminuirá seu brilho de maneira significativa, retomando posteriormente à conjunção solar em 11 de abril. Isso marcará o início de mais uma fase de obscuridade, na qual Mercúrio será novamente engolido pelo brilho solar, aguardando sua próxima aparição espetacular no palco celeste.
