Uma nova portaria do Ministério da Fazenda classifica jogos de azar online em categoria regulamentada, sinalizando a possibilidade de legalização dessas atividades no Brasil. No entanto, especialistas alertam que essa mudança pode trazer consequências significativas para a saúde pública.
Rodrigo Machado, psiquiatra do Programa de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, destaca que a infraestrutura atual do país não está apta para lidar com o aumento do vício em jogos, uma vez que nações que já legalizaram essa prática observaram um aumento de até quatro vezes na demanda por tratamento especializado.
Machado enfatiza que, embora a legalização possa gerar benefícios financeiros, é imprescindível que haja um planejamento adequado para a saúde pública. Isso inclui a formação de profissionais capacitados nas Unidades Básicas de Saúde e nos Centros de Atenção Psicossocial, que frequentemente não possuem a expertise necessária para atender casos de dependência.
O psiquiatra também menciona a necessidade de uma formação robusta para médicos da família e psiquiatras, além de maior investimento na qualificação de psicólogos. Para pessoas em áreas remotas, o acesso a tratamentos ainda é um desafio que deve ser considerado na formulação de políticas públicas relacionadas à legalização dos jogos.
As discussões em torno da legalização de jogos de azar online no Brasil levantam questões cruciais sobre a preparação do sistema de saúde para lidar com o potencial aumento de casos de vício.