Aos 81 anos, Larry Ellison entrou num consórcio que assumiu a versão americana do TikTok depois que o Congresso exigiu a venda do aplicativo por motivos de segurança nacional. A movimentação o colocou em destaque no universo da mídia, além de reforçar seu papel como bilionário e filantropo.
Com participação de mais de 40% na Oracle e um patrimônio estimado em US$ 367 bilhões, Ellison enxergou na operação uma porta de entrada ao mercado de consumo — um segmento do qual a Oracle havia se afastado desde o fracasso de um projeto de computador em rede nos anos 1990.
O TikTok já usava servidores da Oracle para guardar dados de usuários americanos. O que isso significa na prática? O novo acordo pode dar aos investidores influência direta sobre o produto e sobre o que aparece para os usuários.
Expansão além do aplicativo
O interesse da família foi além do app. O filho de Larry, David Ellison, fechou um acordo de US$ 8 bilhões para adquirir a Paramount e a CBS e chegou a avaliar uma oferta pela Warner, dona da CNN. Se essas negociações avançarem, o clã passaria a controlar um ecossistema que inclui televisão aberta, serviços de streaming e redes sociais.
Michael Socolow, historiador de mídia da Universidade do Maine, resumiu bem o alcance da movimentação: — Ter a oportunidade de estabelecer uma linha editorial no TikTok, CBS News e CNN é um mundo novo.
Paralelamente às aquisições, Ellison manteve iniciativas filantrópicas, como o Instituto de Tecnologia Ellison, em Oxford. Ainda assim, a gestão gerou polêmica: ele demitiu recentemente o cientista John Bell, responsável por liderar um projeto da instituição, o que levantou dúvidas sobre o futuro do centro.
Analistas destacam que o movimento consolidou uma presença incomum em escala e diversidade no setor de mídia, ao combinar investimentos em redes sociais, televisão e streaming. A operação com o TikTok ocorreu no contexto da ordem do Congresso para que a ByteDance vendesse o aplicativo nos Estados Unidos.
O desfecho ainda é incerto. Há possibilidade de novas aquisições — ofertas pela Warner seguem em análise — e reguladores e o mercado observam com atenção como a nova estrutura acionária poderá afetar a governança e o conteúdo das plataformas.