Um trabalho publicado na revista Nature Communications trouxe uma conclusão curiosa: pela primeira vez foi registrada de forma clara a aurora ligada à lua Calisto, de Júpiter. Com isso, ficou completo o painel das chamadas “pegadas aurorais” das quatro luas galileanas: Io, Europa, Ganimedes e Calisto.
Como foi detectado
A detecção veio dos dados da sonda Juno, da NASA, durante a sua 22ª órbita, em setembro de 2019. Naquele instante, a espaçonave estava alinhada com a linha do campo magnético que liga Calisto a Júpiter. Um vento solar mais denso empurrou a ovelha auroral principal do planeta para mais perto do equador — e isso ajudou os instrumentos a separar a assinatura fraca de Calisto da intensa aurora joviana.
O que observaram
Os cientistas mapearam as assinaturas aurorais de Calisto em diferentes comprimentos de onda e tipos de sinais: ultravioleta, rádio e ondas de plasma. As medições captaram partículas, ondas e variações magnéticas geradas pela interação entre a lua e o campo magnético de Júpiter, mostrando padrões semelhantes aos das outras luas.
Cada satélite, porém, tem seu “perfil” próprio:
- Io — vulcanicamente ativa;
- Europa — superfície de gelo com provável oceano sob a crosta;
- Ganimedes — a maior lua do Sistema Solar;
- Calisto — a mais distante, marcada por crateras antigas.
Por que isso importa
Além de ser um dado curioso, a observação consolida teorias sobre como as luas galileanas influenciam a magnetosfera de Júpiter. Com a identificação clara da pegada de Calisto, os pesquisadores completaram o mapeamento das assinaturas aurorais dos quatro satélites em diferentes tipos de radiação e ondas — um quebra-cabeça científico que agora está inteiro.
O que vem a seguir
Novas missões devem aprofundar essas investigações. A missão Europa Clipper, da NASA, foi lançada em 14 de outubro do Centro Espacial Kennedy a bordo de um foguete SpaceX Falcon Heavy e está prevista para chegar ao sistema joviano em 2030. A missão JUICE, da Agência Espacial Europeia, deve alcançar a órbita de Júpiter em 2031.
É um passo discreto, mas importante: entender melhor essas interações ajuda a montar o quadro completo do ambiente ao redor de Júpiter — e isso pode revelar muito sobre a dinâmica de mundos que, à primeira vista, parecem tão distantes e silenciosos.