O empresário Saul Klein, de 71 anos, filho caçula do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, entrou com um pedido na Justiça para receber antecipadamente sua parte na herança bilionária do pai. O pedido ocorre em meio a uma internação de Saul, que está em estado grave após uma hemorragia abdominal, quadro que, segundo sua defesa, foi agravado pelo estresse emocional causado pela longa disputa judicial envolvendo o espólio da família.
A defesa de Saul argumenta que o adiantamento da partilha é necessário para garantir sua dignidade e custear despesas médicas, já que a disputa pela herança se arrasta há mais de dez anos. O patrimônio de Samuel Klein, estimado em cerca de R$ 8 bilhões antes de sua morte em 2014, teria sido reduzido para aproximadamente R$ 500 milhões na partilha, segundo os advogados de Saul. Eles alegam que parte dos bens teria sido doada em vida a outros herdeiros, especialmente ao primogênito Michael Klein, por meio de operações contestadas judicialmente.
Entre as principais alegações da defesa de Saul estão a suspeita de falsificação de assinaturas em documentos e testamento, além de transferências de ativos para empresas no exterior. Laudos grafotécnicos apresentados por Saul apontam possíveis irregularidades, enquanto a defesa de Michael sustenta que as assinaturas são legítimas e que todas as operações seguiram a legislação vigente. Michael, que atua como inventariante do espólio, também afirma que Saul já teria recebido parte dos recursos ao vender sua participação na empresa em 2009.
A Justiça de São Paulo, em decisões recentes, negou pedidos de Saul para incluir no inventário valores referentes a doações feitas em vida, argumentando que o caso exige produção de provas e deve ser tratado em ações próprias, fora do processo de inventário. Apesar dos reveses, a defesa de Saul afirma que seguirá buscando a recomposição de sua legítima herança por meio de novas medidas judiciais.
Outro fator que prolonga o desfecho da partilha é a contestação de um suposto quarto herdeiro, Moacyr Ramos de Paiva Agustinho Junior, cuja família segue na Justiça buscando reconhecimento de paternidade e direito à herança, mesmo após o falecimento de Moacyr.
Atualmente, o processo segue em tramitação, com novas ações sendo movidas por ambas as partes e a partilha dos bens ainda sem homologação definitiva.