Você já se perguntou como a Terra mudou tanto? Um evento cósmico transformou a história natural do nosso planeta. Em um episódio recente do Programa Olhar Espacial, o tema foi a extinção dos dinossauros e o papel crucial de um asteroide nessa mudança.
O paleontólogo Marcelo Adorna Fernandes, especialista no assunto, compartilhou detalhes sobre o impacto do meteoro de Chicxulub. Ele explicou os efeitos imediatos e de longo prazo que levaram a essa extinção em massa.
Um impacto cósmico monumental
Há cerca de 66 milhões de anos, uma rocha espacial, comparável em tamanho ao Monte Everest (entre 10 e 15 quilômetros), atingiu a península de Yucatán, no México. A força dessa colisão foi colossal, liberando uma energia equivalente a dez bilhões de bombas de Hiroshima.
Calor extremo e vegetação incinerada
O choque foi tão intenso que a rocha se desintegrou e lançou uma imensa nuvem de poeira na atmosfera, cobrindo a Terra. O calor gerado incinerou a vegetação ao redor do impacto. “A temperatura foi equivalente à superfície do Sol. Fritou toda floresta que existia ao redor, derreteu tudo”, disse Fernandes.
Rochas na área do impacto chegaram a ser vaporizadas, e camadas mais profundas atingiram temperaturas de 330°C, deixando marcas permanentes.
Ondas gigantes que cruzaram o globo
Nos minutos seguintes ao impacto, uma onda gigantesca, inicialmente com até 4,5 quilômetros de altura, se formou e se espalhou. Embora tenha diminuído rapidamente, essa onda gerou um tsunami que, em 48 horas, atingiu costas no Atlântico Norte e Pacífico Sul.
Estudos recentes sugerem que essa onda de cerca de 10 metros viajou por milhares de quilômetros, circundando praticamente o planeta e impactando diversas regiões costeiras.
Chuva ácida e oceanos em perigo
As ondas de choque do impacto também causaram erupções vulcânicas massivas do outro lado do mundo, no Planalto de Deccan, na Índia. Milhões de toneladas de enxofre foram liberadas na atmosfera.
Esse enxofre reagiu, formando ácido sulfúrico. O resultado foi uma chuva ácida persistente por cerca de cinco a dez anos, causando a acidificação dos oceanos. Segundo Fernandes, essa acidificação levou ao desaparecimento de 80% da vida marinha.
Um longo e frio inverno
A poeira e os gases na atmosfera formaram uma barreira que bloqueou a luz solar, impedindo a fotossíntese das plantas. Sem vegetação, os animais herbívoros ficaram sem alimento e morreram. Consequentemente, os carnívoros também não sobreviveram devido à falta de presas.
Todos os animais terrestres com mais de 25 quilos foram extintos. Após o calor inicial, o planeta experimentou um inverno intenso, com temperaturas médias caindo drasticamente, chegando a 15°C abaixo do normal. Foi quase uma mini era do gelo.
A recuperação da vida na Terra
Apesar da devastação, a vida começou a se recuperar após cerca de 15 anos. Plantas que sobreviveram no solo em estado de dormência voltaram a crescer. As angiospermas, plantas com flores e frutos, se espalharam pelo globo.
Nem todos os dinossauros desapareceram; os dinossauros aviários sobreviveram e evoluíram para os pássaros que conhecemos hoje. Como exemplo, Fernandes citou a semelhança entre a perna de uma galinha e a de um dinossauro.
Pequenos mamíferos que sobreviveram se diversificaram ao longo de 15 milhões de anos. Eles evoluíram de pequenos seres a animais do porte de rinocerontes.
Este período marcou o fim da Era Mesozoica, dominada pelos grandes répteis, e o início da era dos mamíferos e aves. Herdamos a Terra após essa grande transformação.