O Google passou a usar inteligência artificial em versão beta no Drive para desktop, para máquinas com Windows e macOS, com o objetivo de identificar e interromper ataques de ransomware antes que causem mais danos.
Como isso funciona na prática? Quando a IA percebe padrões que sugerem uma criptografia em massa, ela pausa automaticamente a sincronização dos arquivos afetados — criando uma espécie de “bolha” que evita que versões corrompidas sejam enviadas para a nuvem. Em seguida, o usuário recebe alertas no desktop e por e‑mail e pode restaurar os arquivos por meio da interface web com poucos cliques.
Como a detecção atua
O sistema usa um modelo de IA especializado, treinado com milhões de amostras reais de ransomware, para reconhecer alterações maliciosas em arquivos. Na prática, o fluxo é simples:
- A IA identifica atividade incomum ou padrões típicos de criptografia em massa.
- A sincronização dos itens comprometidos é suspensa automaticamente.
- Usuários recebem instruções e podem restaurar versões anteriores pela web.
O que está protegido — e o que não está
Segundo o Google, documentos nativos do Workspace, como Google Docs e Planilhas, não foram alvo desse tipo de ataque. O ChromeOS também não registrou incidentes semelhantes. Por outro lado, formatos como PDF e arquivos do Microsoft Office, assim como sistemas desktop baseados em Windows, seguem vulneráveis e exigem atenção.
Integração e disponibilidade
A detecção de ameaças foi integrada também ao Gmail e ao Chrome, para reduzir a propagação entre dispositivos. Os recursos de detecção, alertas e restauração foram incluídos na maioria dos planos comerciais do Workspace, sem custo adicional, e permanecem em versão beta para administradores e usuários conforme as políticas de implantação do Google.
O próprio Google ressaltou a gravidade do problema: “O ransomware continua sendo uma das ameaças cibernéticas mais prejudiciais que as organizações enfrentam atualmente. Esses ataques podem levar a perdas financeiras substanciais, paralisações operacionais e comprometimento de dados”.
Dados citados pela empresa mostram que invasões envolvendo ransomware corresponderam a 21% dos casos analisados pela Mandiant, subsidiária de segurança do Google, e que o valor médio de extorsão superou US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 26 milhões).
Embora a IA adicione uma camada extra de defesa, o Google lembra que soluções antivírus continuam recomendadas para bloquear tentativas de infecção. Se você usa o Drive para desktop, vale ficar atento às notificações e às políticas do administrador enquanto a ferramenta estiver em beta.