Imagine uma cidade onde o trânsito não faz mais vítimas fatais. Parece um sonho distante, não é? Principalmente quando olhamos para os números do Brasil. Mas na Finlândia, mais precisamente em Helsinque, essa realidade já chegou, mostrando um caminho inspirador para grandes centros urbanos, inclusive para cidades na Bahia.
Os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para 2024 pintam um cenário bem diferente por aqui: nada menos que 6.160 pessoas perderam a vida e outras 84.526 ficaram feridas em acidentes. Esses números alarmantes só reforçam a urgência de mudarmos a forma como lidamos com a segurança nas nossas vias.
O “Milagre” de Helsinque
Enquanto o Brasil lamenta tantas perdas, Helsinque, uma capital com cerca de 690 mil habitantes, conseguiu um feito notável: desde julho do ano passado, a cidade não registrou nenhuma morte no trânsito urbano. Essa conquista se alinha à ambiciosa iniciativa europeia “Visão Zero”, que mira zero mortes nas estradas até 2050. É uma prova de que metas ousadas são, sim, alcançáveis, mesmo em metrópoles.
Mas como eles chegaram a esse ponto? Uma das medidas mais eficazes foi a redução drástica do limite de velocidade. Em mais da metade das ruas de Helsinque, o máximo permitido agora é de apenas 30 quilômetros por hora. Perto de escolas, para proteger as crianças e adolescentes, os limites foram ainda mais rigorosos. Afinal, menos velocidade significa menos impacto e mais tempo de reação.
Além da velocidade, a chave do sucesso foi o uso inteligente de dados. As autoridades finlandesas criaram um sistema robusto para coletar informações sobre acidentes, velocidade dos veículos e até mesmo o que os moradores pensavam sobre os pontos de risco. Com esse mapa detalhado em mãos, puderam planejar infraestruturas como ruas, travessias seguras para pedestres, ciclovias e até melhorar o transporte público. É a tecnologia a serviço da vida, mostrando como o planejamento pode ser um divisor de águas.
O exemplo de Helsinque é um farol para o mundo, um lembrete de que políticas públicas estratégicas, aliadas a investimentos em infraestrutura e um olhar atento aos dados, podem realmente transformar a segurança viária. Para estados como a Bahia, que enfrentam altos índices de acidentes e mortes, essa experiência nórdica pode oferecer insights valiosos e, mais importante, a esperança de que um trânsito mais humano e seguro é totalmente possível.