A emergência zoossanitária provocada pela gripe aviária no Rio Grande do Sul tem ganhado destaque nacional. Por que isso acontece? Existe uma preocupação crescente com a saúde das aves e, claro, com os potenciais impactos na economia e na sociedade brasileira.
A confirmação recente da gripe aviária em aves comerciais no estado reacende um alerta que já tocou o mundo outras vezes.
Quem não se lembra da pandemia causada pelo vírus H5N1 entre 2005 e 2008? Milhões de aves morreram e centenas de pessoas foram infectadas, principalmente na Ásia. Medidas de urgência como barreiras sanitárias e o abate de aves em granjas voltaram a ser discutidas.
Agora, com o vírus chegando ao extremo sul do Brasil e ameaçando a produção nacional, surge uma pergunta: como a gripe aviária fez essa viagem até o RS? Entender esse caminho parece fundamental para deter a doença e evitar uma nova crise no país.
Como a gripe aviária chegou ao RS?
Muito se fala sobre a gripe aviária no Brasil, especialmente depois dos primeiros casos em aves comerciais no Rio Grande do Sul. Mas você se pergunta como, exatamente, o vírus conseguiu viajar até o extremo sul do país? A resposta está nas rotas de aves silvestres migratórias. Elas são apontadas como as principais responsáveis por espalhar a doença.
A gripe aviária, causada pelo vírus Influenza A (H5N1), é fácil de passar entre aves, tanto as que vivem livres quanto as de criação.
O vírus é monitorado globalmente desde os anos 90, quando houve surtos na Ásia, principalmente na China. De lá, a doença se espalhou rápido para outros continentes pelas rotas de migração de aves como patos, gansos e aves marinhas.
- No Brasil, os primeiros casos em 2025 foram encontrados em aves silvestres, como o trinta-réis-de-bando, o trinta-réis-real e o trinta-réis-boreal.
Essas espécies fazem longas viagens entre o hemisfério norte e o sul. O trinta-réis-boreal, por exemplo, se reproduz na América do Norte e Europa no verão de lá e migra para áreas quentes no inverno. Em uma dessas viagens, algumas aves podem ter se contaminado em lugares onde o vírus já existia.
O vírus viajou com essas aves migratórias, que muitas vezes nem mostram que estão doentes. Ao pararem nas costas brasileiras para descansar e comer, as aves infectadas acabaram deixando o vírus por onde passaram.
Essa dinâmica ajudou o vírus a chegar primeiro em estados litorâneos como Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia. Depois, ele se moveu para dentro do país, alcançando o Sul, incluindo o Rio Grande do Sul.
A infecção em aves comerciais em Montenegro, no RS, marca um momento chave. Por quê? Porque mostra a passagem do vírus das aves silvestres para as de criação em larga escala. Isso pode acontecer por contato direto ou indireto, via água, comida ou equipamentos sujos.
Quando o vírus foi identificado nas granjas, as autoridades agiram rápido. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) colocou em prática medidas de emergência para tentar segurar a doença no país.
O governo brasileiro comunicou uma emergência sanitária, mostrando a seriedade da situação. A doença está se espalhando rápido entre diferentes aves e regiões, e isso pede ações conjuntas para parar novos focos. O estado de emergência zoossanitária foi estendido, reforçando o controle rígido nas propriedades afetadas e a observação de perto de aves em todo o Brasil.
Por que os ovos de granjas infectadas são descartados?
Quando a gripe aviária é confirmada em uma granja que produz para vender, os ovos de lá precisam ser descartados na hora. Qual o motivo dessa medida drástica? É para evitar que o vírus se espalhe e para garantir que a comida que chega à população seja segura.
Fala-se que não há prova científica forte de que ovos bem cozidos transmitam o vírus para pessoas. Mesmo assim, a regra da precaução vale no mundo todo. Descartar os ovos impede que algo potencialmente contaminado chegue à sua mesa, diminuindo o risco, por menor que seja, de passar o vírus ao consumidor.
Outro ponto importante para o descarte é cortar o ciclo de transmissão do vírus rapidamente. Se ovos ou outros produtos contaminados fossem vendidos, o vírus poderia ir para outras granjas ou áreas, piorando o problema para a economia e a saúde.
Além disso, há a preocupação com o que as pessoas pensam e com a confiança nos produtos. Vender ovos ou produtos que podem estar contaminados poderia causar medo e prejudicar todo o setor de aves no Brasil, que é muito importante para nossa economia.
Por isso, descartar os ovos de forma rigorosa é uma medida normal e necessária. Ela ajuda na saúde, na economia e na tranquilidade das pessoas. É uma tática importante que funciona junto com outras ações, como isolar as granjas doentes, observar a saúde das aves e ficar de olho nas áreas perto de onde o vírus apareceu.