A confirmação do primeiro foco de gripe aviária H5N1 em uma granja comercial brasileira, localizada em Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RS), reacendeu o alerta sanitário no país. O registro levou a China, maior compradora de carne de frango do Brasil, a suspender temporariamente as importações do produto por um período de 60 dias, como medida preventiva.
Esse cenário levantou especulações sobre uma possível redução no preço do frango em outras regiões do Brasil, incluindo a Bahia. Entretanto, Euclides Arthur, presidente da Associação de Integrados de Avicultura do Estado da Bahia e também produtor, descarta a possibilidade de impacto direto no mercado baiano.
Produção baiana voltada ao mercado interno
Segundo Euclides, apesar do impacto na exportação, a situação está concentrada no Sul, região que lidera a produção nacional destinada ao exterior. A Bahia, por sua vez, tem uma produção voltada para o consumo interno e não apresenta nenhum registro da doença.
“A gripe aviária já circula no mundo desde 2003. Aqui no Brasil, só tivemos o primeiro caso em aves migratórias, fora de granjas comerciais. Agora, em 2025, o cenário é mais delicado, pois o vírus atingiu um plantel comercial. Ainda assim, isso deve impactar apenas o Sul do país”, explicou.
Logística desfavorável reduz chances de abastecimento externo
O represamento da produção no Sul, em razão dos embargos, não deve resultar em queda de preços na Bahia, segundo o produtor. “É improvável que os frangos cheguem até aqui. O custo logístico é elevado e torna inviável essa movimentação. Portanto, acredito que os preços se mantenham estáveis na Bahia”, disse Euclides.
Ele acrescentou que, quando há excesso de oferta e a demanda não acompanha, os preços tendem a cair. No entanto, no caso baiano, a oferta se mantém equilibrada e sem interferência direta da situação no Sul.
Biossegurança rigorosa nas granjas baianas
Apesar da ausência de casos, os produtores baianos seguem com protocolos rígidos de biossegurança, tanto por exigência das autoridades quanto por responsabilidade das empresas do setor. Entre as medidas adotadas estão:
- Desinfecção obrigatória de veículos na entrada das granjas;
- Acesso restrito apenas a pessoas autorizadas, com identificação;
- Troca de roupas e banho obrigatório para os funcionários antes de entrarem nos galpões;
- Uso de botas específicas dentro dos espaços de criação;
- Higienização frequente das mãos;
- Controle de pragas e uso de água potável com tanques fechados.
Consumo de carne e ovos permanece seguro
Euclides reforça, com base em orientações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que não há risco de contaminação para quem consome carne de frango ou ovos. “O consumidor não se contamina ao ingerir o produto. O vírus é transmitido apenas por secreções e fezes das aves infectadas, e o frango chega ao prato cozido, frito ou assado, o que elimina qualquer possibilidade de transmissão”, assegurou.
O embargo imposto por países como a China, portanto, está relacionado a uma política de biosseguridade, e não a riscos de saúde pública ligados ao consumo dos produtos.