O governo brasileiro iniciou discussões sobre a viabilidade de estabelecer um sistema nacional de navegação por satélite. A medida é analisada em um contexto de tensões internacionais, que incluem o debate nas redes sociais sobre um eventual bloqueio do sistema GPS dos Estados Unidos em território nacional.
Apesar da ausência de confirmações oficiais sobre a interrupção do serviço, a administração federal estabeleceu um grupo de trabalho para elaborar um relatório detalhado em até 180 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período, focado na implementação de uma solução tecnológica soberana.
Objetivos e Abrangência
O grupo de trabalho tem como atribuições principais conduzir estudos e propor ações estratégicas para o desenvolvimento e a implantação de um sistema brasileiro de posição, navegação e tempo (PNT). Uma das metas é identificar vulnerabilidades decorrentes da dependência de sistemas de navegação estrangeiros, como o GPS.
Além disso, o grupo deverá analisar rotas e desafios tecnológicos, mapear as capacidades laboratoriais e industriais existentes no Brasil, e identificar as necessidades para um sistema próprio. Serão também apresentadas opções de fomento para a concretização de um sistema de navegação nacional.
As reuniões para discutir o tema ocorrem no Palácio do Planalto e contam com a participação de representantes de diversas pastas ministeriais, incluindo Ciência e Tecnologia, Defesa, Comunicações, e Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Instituições como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também integram o comitê.
Alternativas e Impacto do GPS
O Brasil, além de desenvolver uma ferramenta própria, possui a opção de integrar-se a outros sistemas de navegação por satélite já em operação globalmente. Entre eles, destacam-se o GLONASS da Rússia, o BeiDou da China, e o Galileo da União Europeia. Existem ainda sistemas de âmbito regional, como o NavIC da Índia e o QZSS do Japão.
A compatibilidade de muitos dispositivos modernos com múltiplas constelações de satélites significa que a dependência exclusiva de um único sistema é reduzida. O GPS, criado pelo Departamento de Defesa dos EUA no final do século XX inicialmente para uso militar (como direcionamento de mísseis), teve seu uso ampliado para aplicações civis a partir dos anos 1990.
Atualmente, o GPS é uma tecnologia fundamental, presente em celulares, veículos, aeronaves e embarcações. É considerado essencial para áreas civis como navegação, cartografia, monitoramento ambiental e sistemas de segurança, como tornozeleiras eletrônicas. A triangulação de dados de dezenas de satélites permite a identificação precisa de localizações.