No último domingo (7), um eclipse lunar total foi registrado por observadores em várias partes da Terra e também por quem estava a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS). Uma foto feita pela astronauta Zena Cardman, da NASA, chamou atenção porque a Lua parecia estar, de certa forma, "amassada".
A imagem publicada em redes sociais destoou pela perspectiva: parte do disco lunar aparentava estar comprimida, enquanto outra mantinha a forma esperada. A impressão foi reforçada pelo enquadramento incomum — a ISS não tem janelas voltadas para cima, então a visão da Lua por lá dura só alguns minutos entre o nascimento e o pôr do astro.
O que aconteceu?
Foi a Lua mudando de forma? Não. Especialistas explicam que se tratou de um efeito atmosférico — a refração. Como descreveu Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital: "A refração acontece quando a luz muda de direção ao passar de um meio para outro."
Na prática, a porção do disco lunar vista através das camadas mais densas da atmosfera sofreu desvios maiores; a parte que passou por camadas menos densas manteve a aparência normal. Ao nascer ou se pôr, diferentes pontos da Lua enviam raios que atingem a atmosfera em ângulos distintos — isso gera desvios variados e a sensação de achatamento.
Registros feitos do solo ajudaram a comparar as visões: fotos do surgimento da Lua no Pico do Jabre, em Maturéia, Paraíba (crédito a Genedy Henrique, via Marcelo Zurita), mostram como a aparência difere quando vista da superfície. É um pouco como a colher que parece quebrada dentro de um copo d’água ou o modo como lentes corretivas e instrumentos ópticos alteram a luz.
Em resumo: não houve alteração real na superfície lunar. O "amassado" foi uma ilusão óptica provocada pela atmosfera terrestre — um lembrete de que, ao olhar para o céu, é preciso considerar também o papel do ar entre nós e os astros.