O Brasil registrou um aumento significativo dos casos de febre oropouche em 2025, com 10.072 infecções confirmadas até 16 de maio, segundo dados do Ministério da Saúde. O número representa um crescimento de 56,4% em comparação ao mesmo período de 2024, quando foram documentados 6.440 casos. Até o momento, quatro mortes foram confirmadas pelas autoridades sanitárias estaduais.
Primeiras mortes registradas no mundo
As mortes por febre oropouche confirmadas em 2025 incluem três óbitos no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo. As vítimas fluminenses são duas mulheres, uma de 34 anos moradora de Macaé e outra de 23 anos de Paraty, que apresentaram os primeiros sintomas em março e morreram dias após a internação.
Esta situação marca um marco preocupante, já que as primeiras mortes por febre oropouche no mundo foram registradas no Brasil apenas em 2024. No ano passado, o país confirmou 13.853 infecções e três óbitos.
Distribuição geográfica dos casos
O Espírito Santo lidera os registros nacionais com 6.118 casos confirmados em 2025. O Rio de Janeiro ocupa a segunda posição com aproximadamente 1.900 infecções, seguido pela Paraíba com 640 casos e Ceará com 573.
A doença, que anteriormente concentrava-se na região amazônica, expandiu sua área de transmissão para outras regiões do país. Atualmente, 22 estados brasileiros registram transmissão local, com exceção do Rio Grande do Norte, Goiás, Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul, que apresentam apenas casos importados.
Características da doença e transmissão
A febre oropouche é causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) e transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim, mosquito-pólvora ou polvinha. Este inseto é encontrado em áreas com alta umidade e matéria orgânica em decomposição, como manguezais, brejos e quintais com restos de frutas e folhas.
Os sintomas da doença são similares aos da dengue e incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dores musculares e articulares, náuseas, vômitos e, em alguns casos, irritação na pele. O período de incubação varia entre três e oito dias após a picada do mosquito infectado.
Grupos de risco e complicações
Pessoas entre 20 e 59 anos representam 70,5% dos infectados, segundo dados do Centro de Operações de Emergências (COE). Entre menores de um ano, foram registrados 12 casos distribuídos entre Rio de Janeiro, Espírito Santo, Ceará e Paraíba.
Em casos mais graves, a doença pode evoluir para complicações como meningite ou encefalite. Grupos de risco incluem crianças e idosos a partir de 60 anos, que podem apresentar quadros mais severos.
Medidas de prevenção
As autoridades sanitárias recomendam eliminar ambientes que favoreçam a proliferação do vetor, especialmente locais com acúmulo de matéria orgânica em decomposição e alta umidade. Entre as medidas preventivas estão manter os ambientes limpos, evitar áreas infestadas nos períodos de maior atividade dos insetos (início da manhã e final da tarde) e usar roupas com mangas longas e repelentes.
Gestantes devem evitar áreas com presença do mosquito transmissor e, quando não for possível, utilizar roupas de proteção e repelentes apropriados para seu estado.
Atualizações na vigilância sanitária
O Ministério da Saúde atualizou as orientações para vigilância e controle de oropouche através de Nota Técnica publicada em dezembro de 2024. O documento reforça a importância da investigação epidemiológica para identificar locais de infecção e caracterizar o inseto transmissor.
A pasta confirmou também cinco casos de transmissão vertical, sendo quatro óbitos fetais e um caso de anomalia congênita, com outros 24 casos ainda em investigação. O Ministério da Saúde enfatizou que a febre oropouche é doença de notificação obrigatória no Brasil devido ao seu potencial epidêmico.