As tensões geopolíticas no Oriente Médio se intensificaram em junho, após uma série de ataques realizados por Israel contra alvos iranianos. O cenário de conflito se agravou com a possibilidade de uma intervenção direta dos Estados Unidos, país que já trocou ameaças com o Irã em um escalada verbal que preocupa a comunidade internacional.
Origens da tensão nuclear
A apreensão sobre um possível confronto direto entre Estados Unidos e Irã tem raízes em uma acusação de longa data: a de que o Irã estaria desenvolvendo um programa nuclear para fins bélicos há cerca de duas décadas. Embora Teerã afirme que suas atividades de enriquecimento de urânio visam exclusivamente a geração pacífica de energia, potências ocidentais suspeitam que o país esteja próximo de alcançar a capacidade para produzir uma ogiva nuclear.
O temor de Israel é que, caso o Irã obtenha a bomba atômica, o arsenal possa ser utilizado para destruir o país. Anteriormente, o então presidente americano, Donald Trump, tentou uma solução diplomática para que o Irã abandonasse o programa nuclear. Um prazo de 60 dias foi estabelecido para um acordo, mas as negociações não avançaram. No dia seguinte ao fim do período, Israel realizou um ataque, levando a especulações sobre uma possível coordenação com o governo Trump.
Recentemente, a retórica se endureceu, com Donald Trump indicando a busca pela rendição total do Irã. A mobilização de equipamentos e aeronaves militares pelos Estados Unidos para a região do Oriente Médio reforça a percepção de que a participação direta americana no conflito é uma possibilidade iminente.
Comparativo de forças militares
Em um eventual confronto, as capacidades militares dos dois países revelam uma disparidade significativa. Os Estados Unidos ostentam o maior poderio militar do mundo, com um investimento anual de US$ 831 bilhões. Já o Irã, conforme dados do portal War Power, destina US$ 10 bilhões ao seu setor de defesa.
- Efetivo Humano: Os EUA contam com 1.328.000 militares na ativa. O Irã possui 610 mil militares em serviço ativo, além de 350 mil na reserva.
- Equipamentos Terrestres e Navais: O exército iraniano possui 1.996 tanques de guerra e 101 navios. Em contraste, os Estados Unidos dispõem de 360.069 veículos blindados, 64 submarinos e 75 Destroyers (navios de guerra).
- Força Aérea: O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) aponta que o Irã tem 340 aeronaves. Os EUA superam largamente, com 957 aviões de transporte, 5.737 helicópteros (sendo 1.000 de ataque), 11 bases aéreas flutuantes (porta-aviões) e 1.854 aviões de caça.
Armamento balístico e nuclear
O Irã é reconhecido por seu avançado poder balístico, com mísseis como os modelos Zolfaghar e Shahab-3, capazes de atingir altas velocidades e altitudes. Antes dos últimos confrontos com Israel, estimativas dos EUA indicavam que o Irã possuía cerca de 3.000 mísseis balísticos, configurando o maior arsenal do tipo no Oriente Médio.
Por outro lado, os Estados Unidos possuem mísseis mais potentes e tecnologicamente avançados, incluindo 400 unidades do Minuteman 3, um míssil balístico intercontinental (ICBM) nuclear. Além disso, 14 submarinos americanos são capazes de lançar 20 mísseis Trident 2, cada um carregando até 8 ogivas nucleares.
Enquanto o programa nuclear iraniano ainda é objeto de suspeitas sobre suas intenções bélicas, os Estados Unidos confirmam possuir um arsenal de 5.580 ogivas nucleares, das quais 1.710 estão implantadas estrategicamente em mísseis intercontinentais e bases de bombardeiros pesados, segundo a Federação de Cientistas Americanos.
Ambos os países também investem em tecnologia de drones. O Irã possui 3.894 desses dispositivos, majoritariamente para ataques. Os Estados Unidos, conforme o Times of India, lideram com 13.000 unidades, utilizadas para vigilância, bloqueio de sinais e ofensivas militares.