Já parou para imaginar a quantidade astronômica de vida que já chamou nosso planeta de lar desde o amanhecer dos tempos? Um grupo de pesquisadores do Weizmann Institute of Science, juntamente com suas contrapartes do Smith College nos Estados Unidos, mergulhou nesse questionamento e trouxe à luz estimativas que podem redefinir a maneira como vemos a biodiversidade na Terra.
A pesquisa, publicada na revista Current Biology, emprega uma técnica inovadora de análise, focando na quantidade de carbono que foi absorvido pela Terra através da produção primária ao longo da história. A produção primária, um processo que praticamente sustenta a vida no planeta, transforma carbono inorgânico – disponível na forma de dióxido de carbono e bicarbonato na atmosfera e nos oceanos – em substâncias orgânicas que servem como alicerce para a existência de vida.
Utilizando rochas sedimentares como diário antigo da Terra, os cientistas conseguiram reconstruir os ambientes de eras passadas. Por meio da análise da composição isotópica do oxigênio em sulfetos encontrados em antigos depósitos de sal, a equipe chegou a uma estimativa impressionante: aproximadamente 100 quintilhões de toneladas de carbono já participaram do ciclo da produção primária desde os primórdios da vida.
Mas, o que isso significa em termos de vida? Cruzando esses dados com informações sobre quais organismos estavam ativos na produção primária em diferentes períodos, os pesquisadores foram capazes de estimar a quantidade de vida que já habitou nosso planeta – e os números são de tirar o fôlego. A pesquisa sugere que o número de células vivas no planeta hoje gira em torno de 10^30, enquanto, ao longo de toda a história da Terra, pode ter havido entre 10^39 e 10^40 células. Projetando para o futuro, baseando-se na expectativa de vida restante da biosfera terrestre – cerca de 2 bilhões de anos -, é possível que esse número alcance 10^40 células.
Estes insights não apenas lançam uma nova luz sobre a magnitude histórica da vida na Terra, mas também sinalizam caminhos futuros para pesquisas, incluindo uma investigação sobre os possíveis rumos que a vida no planeta poderia ter tomado caso eventos chave, como a fotossíntese oxigenada e endossimbiose, não tivessem ocorrido. Uma coisa é certa: o legado das incontáveis formas de vida que já existiram (e ainda existem) na Terra é um conto sem fim, moldando o que sabemos sobre a vida e potencialmente guiando como ela pode evoluir no futuro.
