Cientistas do Instituto Weizmann, localizado em Israel, revelaram que a maneira como cada pessoa respira através do nariz pode funcionar como uma “impressão digital” biológica. Os padrões únicos de fluxo de ar são consistentes o suficiente para identificar um indivíduo com uma precisão superior a 90%.
A descoberta, detalhada na revista científica Current Biology, surge de um extenso acompanhamento de 100 voluntários. Durante 24 horas, os participantes utilizaram sensores vestíveis que registraram detalhadamente o fluxo de ar de cada narina, permitindo aos pesquisadores uma análise aprofundada dos ritmos e características respiratórias.
Variedade nos Padrões
As análises demonstraram que diversas características da respiração variam significativamente entre os indivíduos. Aspectos como o ritmo respiratório, as pausas entre as inspirações, a assimetria do fluxo de ar entre as narinas e a frequência dos suspiros apresentaram padrões consistentemente distintos para cada participante do estudo. Essa singularidade é o que permite a alta taxa de identificação pessoal.
Para além da identificação, o estudo também estabeleceu correlações notáveis entre esses padrões respiratórios e a saúde física e mental. Foi observado, por exemplo, que o índice de massa corporal (IMC) de um indivíduo pode influenciar certas particularidades da sua respiração. Além disso, pessoas com indicativos de traços depressivos tenderam a apresentar uma expiração mais rápida. A pesquisa ainda apontou associações com características ligadas à ansiedade e ao autismo, sugerindo que a respiração pode ser um indicador discreto de certas condições psicológicas.
Impacto e Futuro
Os autores da pesquisa indicam que esta “assinatura respiratória” pode se tornar uma ferramenta valiosa no monitoramento contínuo de estados psicológicos e fisiológicos. Embora a ideia levante questões sobre privacidade, dado o potencial de identificação precisa de indivíduos, os pesquisadores ressaltam que o foco principal é abrir novas avenidas para a compreensão do cérebro, da saúde mental e do comportamento humano.
No futuro, o entendimento aprofundado dos padrões respiratórios individuais pode pavimentar o caminho para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas personalizadas, baseadas na respiração, oferecendo novas abordagens para tratamentos e bem-estar.
