Nos últimos vinte anos, pesquisas com fósseis e análises dos ossos mudaram nossa ideia sobre quanto tempo os dinossauros realmente viviam.
Vida curta, mesmo para os gigantes
Estudos mostraram que muitos desses animais, mesmo os enormes, tiveram vidas de apenas algumas décadas. A descoberta chamou atenção de leitores em Paulo Afonso, na Bahia, e em todo o país, e foi destacada pelo professor Paul Barrett, do Museu de História Natural de Londres.
Como é possível que bichos tão grandes não vivessem por muito tempo? A explicação vem dos ossos: os cientistas contam anéis de crescimento, como quem lê os anéis de uma árvore. As amostras são cortadas e observadas no microscópio para identificar fases de crescimento rápido e lento e paradas anuais ligadas às estações.
Esse método revelou padrões surpreendentes. Mesmo saurópodes colossais — como o Patagotitan mayorum, estimado em cerca de 37 metros e mais de 70 toneladas (o equivalente a dez elefantes africanos) — provavelmente não viveram tanto quanto se imaginava.
Os números mais confiáveis até agora indicam que um grande saurópode levou cerca de 30 a 35 anos para atingir o tamanho máximo e podia viver até algo como 40 ou 50 anos. Já os dinossauros menores chegavam ao tamanho adulto em apenas quatro ou cinco anos e, se tivessem sorte, viviam poucos anos além disso.
As causas de morte mais comuns aparecem em padrões esperados:
- doenças;
- ataques de predadores e acidentes;
- e problemas como desidratação e fome, que aumentavam com o desgaste acumulado pela caça e pela digestão.
Barrett resumiu a ideia de forma direta: dinossauros tinham ciclos de vida que lembram «estrelas do rock» — vivem rápido e morrem jovens. Não lembra a vida acelerada de quem queima etapas?
Mesmo considerando que animais modernos como baleias-azuis e elefantes chegam a viver mais de 70 anos, os saurópodes — apesar de serem até dez vezes maiores que um elefante — provavelmente não alcançaram essa longa expectativa de vida.
Pesquisas e escavações continuam para refinar essas estimativas e entender melhor os ciclos de vida desses animais fascinantes. O retrato que surge hoje é mais claro, e também mais humano: criaturas enormes, com ritmos de crescimento e envelhecimento mais rápidos do que supúnhamos.