Um novo estudo traz evidências convincentes de que os moais da Ilha de Rapa Nui — conhecida também como Ilha de Páscoa — podiam, de fato, “caminhar”.
Como os habitantes moveram estátuas tão pesadas e altas sem tecnologia moderna?
As esculturas, erguidas entre 1250 e 1500 d.C. — quase 900 no total — sempre suscitavam essa dúvida. Hipóteses antigas falavam em trenós e rolos, mas desde a década de 1980 a ideia de que as peças eram deslocadas por um balanço controlado começou a ganhar força.
O experimento
O trabalho, publicado no Journal of Archaeological Science, uniu modelos computacionais a testes práticos. Os pesquisadores construíram uma réplica de 4,35 toneladas e usaram cordas para provocar um balanço controlado na peça. Com um grupo de 18 pessoas, conseguiram deslocá‑la por 100 metros em cerca de 40 minutos.
“A física faz sentido. O que vimos experimentalmente realmente funciona. E à medida que fica maior, ainda funciona. Todos os atributos que vemos sobre a movimentação de gigantescos só ficam cada vez mais consistentes quanto maiores e maiores, porque se torna a única maneira de movê‑los”, disse Carl Lipo, autor principal do estudo.
Além disso, a equipe analisou as vias da ilha: estradas com aproximadamente 4,5 metros de largura e seção transversal côncava parecem ter sido projetadas para facilitar o trânsito dessas esculturas — uma solução prática, feita com os recursos locais.
- Período: 1250–1500 d.C.
- Moais: quase 900 exemplares
- Réplica: 4,35 t movida por 18 pessoas
- Deslocamento: 100 m em ~40 minutos
- Vias: ~4,5 m de largura, seção côncava
Para leitores em Salvador, na Bahia, o estudo acrescenta evidência técnica a uma hipótese debatida desde os anos 1980 e destaca como o olhar sobre estradas e técnicas locais ajuda a entender práticas antigas.
Em vez de mistério sobrenatural, o resultado aponta para engenharia prática: coordenação, cordas e conhecimento local — juntos, permitiram que os gigantes da ilha efetivamente andassem.