Dicas de bem-estar pipocam no TikTok, prometendo uma vida melhor. Muitas dessas ideias viram moda, mas será que funcionam mesmo? Nem sempre há ciência por trás delas. Por isso, é bom ter um pé atrás. A boa notícia é que especialistas se debruçaram sobre alguns desses “atalhos” populares. Eles falam sobre o que é mito e o que é verdade.
Do “coquetel de cortisol” ao “brain rot”: o que a ciência diz?
Coquetéis de cortisol
Sabe aquele mix de suco de laranja, sal marinho, água de coco e magnésio? Virou hit no TikTok como “coquetel de cortisol”. A ideia é baixar o nível desse hormônio, famoso por aparecer no estresse. Mas a endocrinologista Jodi Nagelberg, professora da UC San Diego, joga um balde de água fria.
Ela explica que os dados científicos sobre esse “coquetel” não são claros. Dizer que ele resolve os problemas do estresse crônico? Um exagero, segundo a médica. Os ingredientes, em sua maioria, não foram bem estudados ou tiveram efeito mínimo no cortisol.
Pode ser que o efeito seja só placebo, ela aponta. O importante mesmo, diz a especialista, é ir na raiz do estresse, não tentar “consertar” o cortisol com uma bebida. E atenção: a mistura pode ser perigosa para quem tem diabetes ou problemas renais, por causa do açúcar e do potássio.
Brain rot
“Brain rot” foi eleita a Palavra do Ano de 2024 pela Oxford. O termo fala sobre a “deterioração mental” causada por consumir conteúdo online fútil em excesso. Mas será que se afogar em vídeos bobos é uma forma saudável de fugir da realidade?
Ekta Patel, professora de psiquiatria na UC San Diego, alerta: consumir conteúdo rápido e estimulante demais pode mudar o cérebro. Com o tempo, atividades como trabalho ou estudo podem parecer chatas perto da enxurrada de estímulos online.
Ela pondera que usar conteúdo leve para relaxar, com moderação, pode ser bom. É uma autorregulação de baixo risco. O perigo é quando vira a única forma de lidar com o desconforto. Aí, pode virar evasão emocional. A pergunta é: você usa para recarregar ou para se desligar do mundo? A intenção faz toda a diferença.
Sleepmaxxing
Tem gente no TikTok obcecada em ter o “sono perfeito”. Vários vídeos mostram técnicas e produtos, de cobertor pesado a fita na boca para respirar pelo nariz. O movimento ganhou o nome de “sleepmaxxing”.
Michael McCarthy, especialista em ritmos circadianos da UC San Diego, confirma: dormir entre sete e nove horas é o ideal. Dormir demais ou de menos está ligado a problemas de saúde. Algumas dicas do sleepmaxxing, como ter um quarto escuro e fresco ou usar ruído branco, são válidas.
Mas colar a boca, por exemplo, não tem estudo sério por trás e pode ter efeitos ruins. Ele faz um alerta: a ansiedade sobre ter o sono perfeito pode atrapalhar o sono. O que ajuda mesmo é ter rotina, ir para a cama sempre no mesmo horário e passar tempo ao ar livre, principalmente de manhã. Isso regula o relógio biológico.
Manifestação de desejos (manifesting)
A ideia de que acreditar muito em algo faz com que ele aconteça não é nova, mas bombou no TikTok como “manifesting”. Saúde, dinheiro, um novo emprego… basta acreditar, certo?
E. Nathaniel Chapman, psicólogo da UC San Diego, concorda que “onde sua mente vai, sua energia flui”. Otimismo é a base, sim. Mas ele avisa: não adianta só querer. É preciso agir para conseguir o que se deseja. Achar que você merece algo sem fazer esforço é um perigo.
Se você tem um objetivo claro e mantém o foco, o cérebro ajuda a criar caminhos. Mas é você quem tem que colocar os planos em prática. Haverá desafios, e nem tudo vai dar certo de primeira. Mas ajustando e tentando, é possível chegar lá.
O texto apresenta as opiniões de especialistas da Universidade da Califórnia em San Diego sobre a validade científica de dicas de autocuidado populares no TikTok, incluindo “coquetéis de cortisol”, “brain rot”, “sleepmaxxing” e “manifesting”.