A Agência Espacial Europeia (ESA) deu início a uma nova era na exploração espacial ao ativar com sucesso os CubeSats Juventas e Milani, que fazem parte da missão Hera, voltada para a defesa planetária e o estudo do asteroide Dimorphos.
Esses pequenos satélites, que estão armazenados na nave principal, enviaram sinais que confirmam o funcionamento adequado de seus sistemas, marcando o início das operações da ESA com CubeSats em missões de exploração mais profundas. Os CubeSats, que têm um design modular em formato cúbico, foram inicialmente desenvolvidos para projetos educacionais e científicos de baixo custo, mas agora estão sendo utilizados em missões complexas, como a exploração interplanetária.
A estrutura compacta dos CubeSats facilita lançamentos em massa e permite que sejam transportados como cargas secundárias em foguetes maiores, reduzindo significativamente os custos de envio ao espaço. Essa ativação é um passo importante para a ESA, que pela primeira vez testa a operação de CubeSats em uma missão interplanetária.
Franco Perez Lissi, engenheiro responsável pelos CubeSats da Hera, destacou que os testes iniciais incluíram verificações de ativação e checagem de sistemas, essenciais para o funcionamento autônomo dos satélites no espaço. Os CubeSats foram lançados em 7 de outubro e estão agora a bordo da missão Hera, que tem como alvo o asteroide Dimorphos, o primeiro corpo celeste que teve sua órbita alterada pela ação humana, após o impacto da sonda DART da NASA em 2022.
O CubeSat Juventas, desenvolvido pela GOMspace em Luxemburgo, será o primeiro a realizar uma prospecção de radar dentro de um asteroide, enquanto o Milani, criado pela Tyvak International na Itália, focará na prospecção mineral multiespectral de Dimorphos.
As ativações do Juventas ocorreram a 4 milhões de quilômetros da Terra em 17 de outubro, e o Milani foi ativado em 24 de outubro, a 7,9 milhões de quilômetros de distância, resultando em atrasos de comunicação de 32,6 segundos e 52 segundos, respectivamente.
A central de operações da missão Hera, localizada no Centro de Controle da ESA em Darmstadt, na Alemanha, foi responsável pela transmissão de dados e monitoramento de telemetria, em colaboração com o Centro Europeu de Segurança Espacial e Educação (ESEC) em Redu, na Bélgica. Este processo foi essencial para garantir a comunicação e o sucesso das operações futuras, segundo Sylvain Lodiot, gerente de operações da Hera.
Andrea Zanotti, engenheiro-chefe do Milani, ressaltou que o CubeSat Milani não apresentou reinicializações ou picos anormais de corrente ou voltagem, resistindo bem às condições adversas do espaço profundo. Camiel Plevier, engenheiro-chefe do Juventas, também ressaltou que, após uma semana de lançamento, a bateria dos CubeSats manteve alta carga, mesmo em temperaturas de 5 °C.
Os CubeSats permanecerão armazenados até 2026, quando serão lançados na órbita de Dimorphos a uma velocidade controlada para não escapar da gravidade do asteroide, que tem dimensões semelhantes à Grande Pirâmide de Gizé. Franco Perez Lissi enfatizou que essa ativação representa um avanço importante para a ESA e seus parceiros industriais, abrindo portas para futuras missões com pequenas espaçonaves auxiliares, como a missão Ramses e o Comet Interceptor.
A partir de agora, os CubeSats serão ativados a cada dois meses durante a fase de cruzeiro da missão Hera, realizando operações de rotina como verificações de sistemas e condicionamento de baterias.