Uma nova modalidade está mudando o jogo para quem trabalha com carteira assinada. O Crédito do Trabalhador permite usar até 10% do saldo do FGTS como garantia para contratar consignado com juros menores — uma saída para quitar dívidas caras como rotativo do cartão e cheque especial.
O que é o Crédito do Trabalhador
Lançado em março de 2025 pelo governo federal, o programa amplia o acesso ao consignado para empregados do setor privado. Podem solicitar trabalhadores celetistas, domésticos, rurais e diretores não empregados com direito ao FGTS, por meio de instituições habilitadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A lógica é simples: o trabalhador informa o valor e recebe propostas de vários bancos, num “leilão de taxas” que ajuda a comparar juros e prazos.
Como funciona, na prática
A contratação pode ser feita pelo aplicativo Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital) ou diretamente em bancos parceiros. Ao pedir a simulação, você autoriza o acesso a dados como nome, CPF, margem consignável e tempo de empresa. As parcelas são descontadas automaticamente via eSocial, respeitando o limite de até 35% do salário. Com esse risco menor para o banco, a taxa tende a cair em relação ao consignado comum.
Garantias do FGTS
É possível usar até 10% do saldo do FGTS como garantia. Em caso de demissão, até 100% da multa rescisória pode ser usada para quitar o saldo devedor. Trocar de emprego dentro do regime CLT não mexe no contrato.
Taxas em queda (setembro)
Os primeiros dias do mês mostraram recuo nas médias de juros:
1º/9: 3,48% • 2/9: 2,64% • 3/9: 2,85% • 4/9: 2,62%.
Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, a tendência é consolidar o programa e coibir taxas abusivas.
Como o consignado com FGTS se compara
Mesmo em queda, o consignado CLT ainda cobra mais que aposentados (1,83% a.m.) e servidores (1,84% a.m.). Ainda assim, é muito mais barato do que:
— Crédito pessoal não consignado: 6,32% a.m.
— Cheque especial: 7,47% a.m.
— Cartão de crédito rotativo: 15,11% a.m.
Quem pode solicitar
Disponível para quem tem contrato ativo:
— Empregados CLT em geral
— Empregados domésticos
— Trabalhadores rurais
— Contratados por MEIs formalizados
— Diretores não empregados com FGTS
A análise considera tempo de emprego, faixa salarial, vínculo, histórico de pagamento e porte da empresa.
Passo a passo pelo app (CTPS Digital)
- Baixe o app e entre com sua conta Gov.br
- No menu, toque em “Empréstimos” ou no banner “Crédito do Trabalhador”
- Selecione “Faça uma simulação”
- Informe valor e número de parcelas
- Confira o total a pagar e a taxa média
- Autorize o compartilhamento de dados com os bancos
- Aguarde até 24h pelas propostas
- Compare as ofertas e escolha a melhor
- Finalize a contratação no canal do banco escolhido
Bancos participantes
Há 99 instituições habilitadas. Entre os principais: Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Itaú, Santander, Inter, BTG Pactual, C6 Bank, Pan, PicPay Bank, Nubank. A mistura de bancos tradicionais, digitais e cooperativas aumenta a competição e melhora as condições.
Migração e portabilidade
— Contratos antigos: desde agosto, mais de 4 milhões de contratos de consignado privado estão migrando para o Crédito do Trabalhador. Mais de R$ 15 bilhões já foram incorporados; a conclusão está prevista até novembro.
— Portabilidade: a partir de outubro, a portabilidade e o refinanciamento passam a ser feitos dentro da CTPS Digital, permitindo levar o contrato para o banco com melhor taxa.
Números do programa
— R$ 46,5 bilhões contratados
— 5 milhões de trabalhadores beneficiados
— 7,8 milhões de contratos ativos
— Meta de alcançar 25 milhões de pessoas em 4 anos
FGTS como garantia: o que ainda falta regulamentar
A funcionalidade que usa até 10% do saldo do FGTS e 100% da multa rescisória como garantia aguarda regulamentação final. Pelo cronograma, entra em vigor a partir de novembro de 2025.
Quem coordena e fiscaliza
O programa é tocado pelo Comitê Gestor das Operações de Crédito Consignado, com representantes do Ministério do Trabalho e Emprego (coordenação), Casa Civil e Ministério da Fazenda. Cabe ao comitê ajustar parâmetros, sugerir melhorias regulatórias e monitorar as operações.
Dicas rápidas antes de contratar
— Olhe sempre o CET (Custo Efetivo Total), não só a taxa de juros
— Não assuma parcela que aperte seu orçamento
— Priorize usar o crédito para quitar dívidas mais caras
— Se você é aposentado e ainda trabalha, compare com o consignado do INSS (juros menores)
É uma ferramenta útil para trocar dívidas ruins por uma taxa mais baixa — desde que usada com planejamento para evitar superendividamento.
Resumo direto
Se você tem carteira assinada, o consignado com FGTS pode reduzir bastante o custo do seu empréstimo. Dá para simular no app, comparar propostas e só então fechar com quem oferecer a melhor condição.