Uma empresa baiana tem se destacado no mercado global ao investir em tecnologia para a coleta sustentável de algas marinhas do gênero Lithothamnium. A PrimaSea, com sede na Bahia, extrai esse recurso natural da Baía de Todos-os-Santos, utilizando-o como matéria-prima principal na fabricação de fertilizantes e ração animal. A produção atende ao mercado nacional e é exportada para 18 nações, com planos de ampliar ainda mais sua presença internacional.
A alga Lithothamnium, que lembra um favo de mel em sua aparência, é valorizada por sua alta concentração de minerais, como cálcio e magnésio, e por possuir 16 aminoácidos essenciais para processos fisiológicos de plantas e animais. No setor agrícola, atua como um bioestimulador, favorecendo a proliferação de microrganismos no solo e otimizando a eficácia de outros adubos, resultando em maior produtividade. Para a produção animal, o uso das algas demonstra benefícios na taxa de postura de aves e, em ruminantes, melhora a qualidade comercial do leite e o funcionamento digestivo, contribuindo para a redução da emissão de gás metano.
Reserva Natural e Operação Sustentável
O Brasil detém a maior reserva mundial dessa alga, com jazidas sedimentares que se estendem do litoral do Maranhão até o Espírito Santo. Na Bahia, a área de exploração da PrimaSea está situada a cerca de 10 quilômetros da Baía de Todos-os-Santos, a aproximadamente 20 metros de profundidade. A empresa, que levou 12 anos em pesquisas, estudos ambientais e obtenção de licenças até iniciar suas operações em 2014, desenvolveu um método exclusivo de coleta.
“A Bahia, dentro dos estudos de viabilidade, foi o melhor local no Brasil para o desenvolvimento do negócio”, afirmou Lucas Ávila, CEO da PrimaSea. Ele complementou que a economia do mar é pujante e oferece vastas oportunidades no estado.
A metodologia de coleta da PrimaSea é pautada em rigorosos controles de qualidade e práticas ambientais, evidenciadas por suas quatro certificações internacionais. O processo envolve a utilização de uma bomba de sucção que leva os sedimentos para uma embarcação. Lá, o material passa por separação: o que será utilizado na fabricação dos produtos permanece no navio, enquanto o restante é devolvido ao mesmo ponto no fundo do mar. Este cuidado garante a minimização de impactos ao bioma marinho e a manutenção dos nutrientes e do pH da água.
Tecnologia e Expansão
A PrimaSea possui a maior concessão para explorar Lithothamnium globalmente, abrangendo uma área de 5 mil hectares delimitada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com capacidade de extração anual de 600 mil toneladas. Para ampliar sua capacidade operacional, a empresa investiu aproximadamente R$ 17 milhões na aquisição de uma nova embarcação no ano passado, construída no estaleiro Belov, na Bahia. O novo navio conta com quatro bombas de coleta, o dobro da capacidade do anterior.
Com o aumento da capacidade, a expectativa da PrimaSea é elevar o faturamento anual para mais de R$ 100 milhões, com foco no crescimento do mercado externo. Atualmente, apenas 10% da produção é destinada à exportação, alcançando mercados na Europa, em partes da Ásia, Oceania, África do Sul e diversas nações da América Central e do Sul, como Equador, Argentina e Paraguai.