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Discriminação e fome: as dificuldades enfrentadas pela população trans

Avatar De Redação Portal Chicosabetudo

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A pandemia de covid-19 agravou a insegurança alimentar para muitas pessoas em todo o mundo, e uma pesquisa recente destaca a situação precária enfrentada pela comunidade transgênero no Brasil. De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores de quatro universidades brasileiras e publicado no periódico científico Plos One, sete em cada dez pessoas transgênero sofreram com insegurança alimentar durante a pandemia. Para um quinto deste grupo minoritário, a situação foi severa, o que significa que não tinham condições de fazer todas as refeições do dia ou comprar alimentos, passando fome.

O estudo foi conduzido através de um questionário voluntário, que foi respondido por 109 pessoas de todas as regiões do país, a maioria das quais eram negras. O critério utilizado para determinar o estado de insegurança alimentar foi o da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que entende como contextos em que o acesso ao alimento está sob ameaça.

Sávio Marcelino Gomes, nutricionista e docente da Universidade Federal da Paraíba e autor principal do estudo, enfatiza que a comunidade trans é uma das mais vulneráveis. “O Brasil, apesar de a gente ter alguns avanços na saúde, como o processo transexualizador e de existir uma política nacional de saúde para a população LGBTQIA+, de forma geral, é também o país que mais mata pessoas trans em todo o mundo”, assegura.

Gomes destaca que a discriminação sofrida pelas pessoas trans as impede de entrar no mercado de trabalho, deixando-as vulneráveis à insegurança alimentar. Ele comenta que a população trans está em uma situação de suscetibilidade em relação à alimentação, que se soma à da fragilização por meio da violência.

Além disso, Gomes critica a falta de dados disponíveis sobre a população trans no Brasil. “À medida que sofrem rejeições de empregos, sofrem violências dentro do mercado de trabalho, do setor da educação e também na área de assistência em saúde, quando tentam acessar a atenção primária, essas pessoas sofrem também experiências de estigma, e tudo isso junto, coloca essas pessoas em uma posição social de vulnerabilidade aos piores males que nossa sociedade tem. E a fome é um deles, apesar de a gente não [ter] esse resultado de forma nacional, porque nossos inquéritos, por muito tempo, também não mostram essa população. É uma população que está invisibilizada”, afirma Gomes.

A pesquisa destaca a necessidade de políticas públicas que ajudem a combater a insegurança alimentar enfrentada pela comunidade transgênero no Brasil, bem como a urgência de ações que promovam a inclusão dessa população em todas as esferas da sociedade.

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