Astrônomos anunciaram a descoberta, pela primeira vez na Grande Nuvem de Magalhães, de um enorme super‑remanescente de nova (NSR) ao redor do sistema LMCN 1971-08a. A evidência foi obtida com observações do radiotelescópio MeerKAT e divulgada em um artigo depositado no arXiv, que agora segue para revisão por pares.
O que foi encontrado
Um NSR é como uma concha gigante formada por várias erupções de nova ao longo do tempo — pense numa pedra atirada em um lago cujas ondas sucessivas empurram e moldam a água ao redor. Até agora só haviam sido reconhecidos quatro objetos desse tipo (três na Via Láctea e um fora dela). Com esta detecção, o total sobe para cinco, e este é o maior já identificado.
O remanescente envolve a nova recorrente LMCN 1971-08a, uma das quatro novas recorrentes catalogadas na Grande Nuvem de Magalhães. Estudos anteriores mostram que a última explosão conhecida ocorreu em 2009. A estrela que provoca as erupções é uma anã branca com massa estimada entre 1,1 e 1,3 massas solares, que vem acumulando matéria de uma companheira subgigante.
Medidas e aparência
As imagens em rádio revelaram uma estrutura quase circular, mais brilhante a nordeste e a sudeste, com um limite fino ligando esses pontos. A equipe estimou um diâmetro aproximado de 650 anos‑luz para a concha. Os limites interno e externo foram calculados em cerca de 284 e 329 anos‑luz da nova recorrente, respectivamente.
As observações também indicaram que a camada externa carrega uma massa da ordem de 4.130 massas solares e se expandiu a uma velocidade próxima de 20 km/s. Com esses valores, os pesquisadores estimaram uma idade de cerca de 2,4 milhões de anos para a estrutura, o que levou à conclusão de que este é o maior NSR já encontrado.
Implicações e acompanhamento
Os dados sugerem ainda que o ciclo de erupções de LMCN 1971-08a pode ser menor do que os 38 anos anteriormente estimados. Isso significa que a próxima erupção poderia acontecer bem antes de 2047 — uma possibilidade empolgante para quem acompanha eventos repetidos no céu.
O artigo permanece disponível no arXiv enquanto aguarda revisão por pares. Os autores ressaltam que serão necessários monitoramento contínuo e estudos adicionais para confirmar a periodicidade das erupções e acompanhar como a concha evolui.