Em um feito pioneiro na América do Sul, a construção de um túnel subaquático promete revolucionar o transporte e a conectividade entre Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo. Dotado de tecnologia avançada, o projeto incluirá não apenas vias para o tráfego veicular mas também uma ciclovia, passagem para pedestres e um sistema de Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), encapsulando uma abordagem multimodal de transporte no contexto urbano submarino.
A profundidade projetada para o túnel é de aproximadamente 21 metros abaixo do canal que percorre o Porto de Santos, um aspecto que destaca o desafio técnico e a precisão necessária para a execução da obra sem perturbar o fluxo contínuo de navios – um elemento crucial para a logística portuária da região.
A obra será composta por seis módulos pré-fabricados de concreto armado, uma estratégia que maximiza a eficiência e minimiza o impacto no ambiente marinho durante a instalação. Estima-se que o túnel alcance um comprimento total de 850 metros, o que reflete o compromisso com uma solução de transporte sustentável e inovadora.
Marcelus Magno Araujo Rodrigues, professor de Engenharia Civil e Mestre em Ciência, esclareceu os fundamentos tecnológicos por trás do projeto, assegurando que a construção de túneis submersos não só é viável como também beneficiará grandemente os futuros usuários com sua segurança e robustez. A técnica envolve a construção de módulos em local externo, que posteriormente são transportados e submergidos meticulosamente para formar a estrutura do túnel, garantindo uma vedação hermética e uma montagem precisa.
O design e método de construção encontram paralelos com iniciativas internacionais de grande escala como o Eurotúnel, que também emprega módulos pré-fabricados para conectar França e Reino Unido por baixo do Canal da Mancha. Este benchmark demonstra a viabilidade e sucesso do método, consolidando a posição do projeto Santos-Guarujá como um marco técnico.
Após uma centena de anos em discussões e planejamentos, a execução desse túnel materializa-se através de uma parceria público-privada, com investimento previsto de R$ 5,9 bilhões. Com essa inovação, espera-se não apenas melhorar significativamente o acesso entre essas duas importantes áreas urbanas mas também contribuir para o desenvolvimento sustentável e a redução da congestão em uma das regiões mais dinâmicas do Brasil.
