Um grupo de cientistas dos Estados Unidos, liderado por pesquisadores da Universidade do Texas em Austin, mostrou que computadores quânticos podem tirar vantagem da sua memória de um jeito que máquinas clássicas não conseguem — e de forma mensurável.
O experimento
Em vez de um teste simples, a equipe criou uma tarefa matemática complexa, imaginada como um ‘jogo’ entre duas partes do sistema chamadas Alice e Bob. Enquanto os computadores tradicionais trabalham com bits que valem 0 ou 1, os sistemas quânticos usam qubits, que conseguem representar vários estados ao mesmo tempo. Isso dá aos qubits um espaço de memória que cresce de maneira exponencial.
Para provar isso na prática foram realizados mais de 10 mil testes. Os resultados foram claros: para alcançar a mesma taxa de sucesso obtida por um processador quântico com apenas 12 qubits, um computador clássico precisaria de pelo menos 62 bits de memória.
Os autores chamaram o feito de “supremacia da informação quântica”, descrevendo-o como uma das evidências mais robustas até hoje de vantagem quântica prática. A demonstração foi feita em hardware quântico disponível, com o objetivo explícito de confrontar as limitações dos algoritmos clássicos nas condições testadas.
Por que isso importa?
O que tudo isso significa no dia a dia? Pense na diferença entre um armário pequeno e um depósito: mais memória quântica é como ter um depósito com muitos compartimentos onde você pode guardar possibilidades ao mesmo tempo — e isso abre espaço para tarefas que hoje seriam muito lentas ou impossíveis para computadores clássicos.
Entre as aplicações apontadas pelos pesquisadores estão:
- comunicações criptográficas mais seguras;
- modelagem de sistemas complexos (como moléculas e materiais);
- aceleração na descoberta de novos medicamentos e materiais.
O estudo, publicado no arXiv, aponta o caminho para novas pesquisas e para o desenvolvimento de aplicações práticas que explorem essa ampla capacidade de memória dos sistemas quânticos.