A Espanha se consolidou como um dos destinos turísticos mais procurados do mundo, recebendo cerca de 98 milhões de visitantes no ano passado. Esse fluxo intenso, no entanto, trouxe um desafio inesperado: a explosão de anúncios de aluguel de curta temporada em plataformas como o Airbnb, agravando uma crise de moradia que atinge grandes cidades como Madri e Barcelona.
Autoridades na mira dos anúncios ilegais
Diante desse cenário, as autoridades espanholas decidiram agir. No início de junho, o Ministério dos Direitos Sociais, Assuntos do Consumidor e Agenda 2030 exigiu a remoção de aproximadamente 66 mil anúncios na plataforma. O motivo? Alegadas violações dos regulamentos de acomodação turística.
Segundo o Ministério, grande parte dessas listagens não cumpria as regras básicas, seja por não apresentar um número de licença válido, informar dados incorretos ou omitir a natureza legal do proprietário. O Airbnb, por sua vez, defendeu-se, prometendo combater anúncios irregulares, mas anunciou que vai recorrer da decisão. A empresa acusou as autoridades de usar uma metodologia indiscriminada e ressaltou que muitas das moradias oferecidas não precisariam de licença.
O impacto no mercado imobiliário
A questão do aluguel de curta temporada está diretamente ligada a um problema maior na Espanha: um sério déficit habitacional. Nos últimos dez anos, o preço do aluguel por metro quadrado no país disparou em 85%, e o turismo, impulsionado pelos aluguéis sazonais, é apontado como um dos principais motores dessa alta.
Dados oficiais indicam a existência de cerca de 400 mil unidades de uso turístico, enquanto o Banco da Espanha estima que o país precise de 400 mil a 450 mil novas moradias. Essa discrepância ajuda a entender a rigorosa postura do governo e da justiça.
Recentemente, o Supremo Tribunal de Madri ordenou que o Airbnb removesse imediatamente 5.800 anúncios em diversas regiões do país. Paralelamente, a prefeitura de Barcelona foi ainda mais drástica, anunciando que não renovará licenças para apartamentos turísticos a partir de 2028, o que pode liberar mais de 10 mil imóveis para o mercado de aluguel tradicional.