Já pensou em tirar a tão sonhada Carteira Nacional de Habilitação (CNH) gastando até 80% menos do que hoje? Pois é, essa é a proposta que o governo federal colocou na mesa e que promete mexer com a vida de milhares de brasileiros. Se sair do papel, o impacto será grande, principalmente na Bahia, onde a redução pode chegar a R$ 4 mil no bolso de quem sonha em dirigir – ou precisa disso para trabalhar. Mas, enquanto muitos comemoram, há quem esteja com a pulga atrás da orelha: as autoescolas temem pela própria sobrevivência e os empregos do setor.
Por que tirar a CNH pesa tanto no bolso?
Vamos ser sinceros: conseguir a habilitação no Brasil custa caro, principalmente para quem não tem muita grana sobrando. Só em Salvador, o valor pode bater R$ 4.500 dependendo da autoescola. E mesmo em cidades do interior, como Juazeiro, o preço raramente desce de R$ 3 mil. É muita coisa para quem depende do salário mínimo ou está começando no mercado de trabalho.
O reflexo disso é gente como o Lucas Santos, de 23 anos, que sonha em ser motoboy, mas vive esbarrando na barreira do preço. “Já perdi várias oportunidades de emprego porque não tenho a CNH. Com o que eu ganho hoje, ia levar mais de um ano só para juntar o dinheiro do curso”, desabafa ele.
A proposta do governo chega justamente para mudar esse cenário e abrir portas: menos burocracia, menos custo, mais oportunidades – tanto para trabalhar quanto para se locomover com autonomia.
Como vai funcionar essa mudança?
A ideia é simples, mas ousada: permitir que instrutores trabalhem por conta própria, sem precisar estar ligados a uma autoescola, e liberar o ensino teórico totalmente à distância. Assim, o candidato pode contratar um instrutor autônomo para as aulas práticas e estudar todo o conteúdo teórico em casa, pelo computador ou celular. Resultado? Corte de intermediários e uma queda drástica no preço final.
Com esse novo modelo, a CNH pode passar a custar cerca de R$ 800 em Salvador e R$ 600 em cidades do interior como Juazeiro – uma diferença que, convenhamos, faz toda a diferença no bolso.
Histórias que mostram o tamanho do impacto
Não é só número: essa redução pode mudar vidas de verdade. Veja o caso da Maria Silva, de 27 anos, de Feira de Santana. Ela sonha em abrir um pequeno negócio de delivery, mas sem a CNH depende de terceiros para fazer as entregas – o que só aumenta os custos. “Se o preço baixar mesmo, vou poder comprar uma moto e tocar meu próprio negócio. Hoje, não dá”, conta.
E tem também o João Pedro, de 19 anos, de Vitória da Conquista. Ele já trabalhou em lanchonete, construção civil, mas queria mesmo ser motoboy. Só que, sem CNH, todas as portas se fecham. “Com a redução, finalmente vou conseguir fazer o curso e tentar uma vaga”, diz ele, animado.
Histórias assim se repetem em várias cidades da Bahia, principalmente entre jovens das periferias e do interior, onde dirigir legalmente pode ser o passaporte para um futuro melhor.
A outra face: preocupação nas autoescolas
Enquanto muita gente vibra com a novidade, o clima entre os donos de autoescola é de preocupação. Só na Bahia, são cerca de 1.200 CFCs (Centros de Formação de Condutores), que empregam mais de 5 mil pessoas diretamente. Carlos Mendes, que está há 15 anos no ramo em Salvador, teme pelo futuro do setor: “Se a proposta for aprovada desse jeito, muita autoescola vai fechar. Não dá para competir com preços tão baixos. E quem garante que a qualidade vai ser a mesma, sem fiscalização sobre instrutores autônomos?”.
No interior, a situação pode ser ainda mais delicada. Juazeiro, por exemplo, tem só cinco autoescolas, cada uma com cerca de 10 funcionários. Se o movimento cair ou fechar as portas, são pelo menos 50 famílias afetadas diretamente – sem contar o efeito em outros negócios locais.
Antes e depois: quanto dá pra economizar de verdade?
Para não restar dúvida, olha só esse comparativo:
- Salvador:
- Custo atual: R$ 4.200
- Com a nova proposta: R$ 800
- Economia: R$ 3.400 (81% a menos!)
- Juazeiro:
- Custo atual: R$ 3.000
- Com a nova proposta: R$ 600
- Economia: R$ 2.400 (80% a menos!)
- Itabuna:
- Custo atual: R$ 3.300
- Com a nova proposta: R$ 650
- Economia: R$ 2.650 (80% a menos!)
Para quem mora em Salvador, isso significa guardar cerca de R$ 3.400 – o equivalente a três salários mínimos e meio, ou até o preço de uma moto usada. No interior, a economia também é gigante: dá para investir no próprio negócio, comprar um veículo para trabalhar ou simplesmente respirar mais aliviado no fim do mês.
Afinal, quem ganha e quem perde?
No fim das contas, a proposta pode mudar o jogo para muita gente:
Quem ganha:
- Pessoas de baixa renda que não conseguiam pagar pelo processo
- Jovens atrás do primeiro emprego, principalmente motoboys
- Pequenos empreendedores que precisam de mobilidade
- Instrutores que vão poder trabalhar por conta própria
- Plataformas de ensino online, que vão crescer ainda mais
Quem pode perder:
- Donos de autoescolas tradicionais
- Funcionários de CFCs, que podem perder o emprego
- O setor de trânsito, com menor arrecadação
- Instrutores concursados que preferem a estabilidade do emprego formal
O que vem pela frente?
Por enquanto, a proposta ainda está sendo analisada no Congresso e precisa passar por votação. Se tudo correr como o governo espera, a novidade pode começar a valer já em 2025. Até lá, as autoescolas tentam negociar um meio-termo para não prejudicar tanto o setor, enquanto a população segue na expectativa de, finalmente, poder tirar a CNH sem estourar o orçamento.
E você, o que achou dessa mudança? É o empurrãozinho que faltava para mudar de vida? Uma coisa é certa: essa discussão ainda vai dar muito pano pra manga – e promete mexer com a vida (e o bolso) de muita gente na Bahia e no Brasil inteiro.
