O Citroën Basalt recebeu nota zero nos testes do Latin NCAP, segundo o relatório divulgado na terça‑feira (14). A avaliação foi feita na versão mais básica do SUV, que não atingiu o mínimo exigido pela entidade.
O que os testes mostraram
Os ensaios apontaram problemas estruturais: a carroceria do habitáculo foi classificada como instável e não resistiu a cargas maiores em colisões frontais. Também houve falha no pretensor do cinto de segurança, que não tensionou corretamente no impacto. O resultado foi proteção insuficiente para o tórax do passageiro e proteção apenas marginal para o motorista. Em alguns impactos, ocorreu até perda de combustível. O Latin NCAP publicou vídeo com os ensaios.
Curioso? Pense assim: proteção que falha em pontos críticos não inspira confiança — especialmente num item em que a margem de erro deve ser mínima.
O que ficou protegido (e o que não ficou)
A proteção da cabeça e do pescoço dos ocupantes dianteiros foi considerada boa. Já joelhos e canelas tiveram avaliação entre marginal e adequada, com risco de contato com estruturas perigosas do painel. O SUV não ofereceu airbags laterais de cabeça como item de série, o que impediu a realização do ensaio de impacto lateral contra poste; no impacto lateral convencional, porém, a proteção para cabeça, pelve, peito e abdômen foi avaliada como boa.
Crianças e retenção infantil
No quesito ocupantes infantis, o Basalt teve o melhor desempenho relativo: 58,3%, somando 28,59 pontos. No teste frontal, o boneco que simulou uma criança de três anos, instalado de costas com ancoragens Isofix e apoio de pé, não teve exposição da cabeça; o boneco de um ano e meio recebeu proteção quase total, com leve desaceleração no tórax. Em impactos laterais, entretanto, a proteção caiu: a cabeça do boneco de três anos chegou a colidir com partes internas do veículo, e foram encontradas falhas em algumas instalações de sistemas de retenção infantil. O carro oferece Isofix de série e cintos de três pontos em todas as posições, mas o aviso do airbag não atendeu aos requisitos do Latin NCAP, e faltou botão para desativar o airbag do passageiro — exigência quando há cadeirinha nesse assento.
Assistência à condução e proteção de pedestres
Nos critérios de assistência à segurança o Basalt alcançou apenas 34,8%. O destaque ficou por conta do controle eletrônico de estabilidade (ESC), presente em todas as versões. Não houve oferta de sistemas avançados de assistência ao condutor (ADAS), como frenagem autônoma de emergência (AEB), limitador de velocidade ou alerta de permanência em faixa.
Na proteção a pedestres, o veículo obteve 53,3% e atendeu ao regulamento UN127: boa absorção nas áreas centrais do capô, mas proteção fraca nas zonas junto ao para‑brisa e aos pilares A.
Resumo das pontuações
No total, o Latin NCAP registrou: 39,3% de proteção para adultos, 58,3% para crianças, 53,3% para pedestres e 34,8% em assistência à segurança.
Contexto: sequência de resultados insatisfatórios
O resultado do Basalt ampliou uma sequência de desempenhos ruins de modelos do grupo Stellantis na América Latina. Entre as avaliações citadas pelo Latin NCAP estão:
- Peugeot 2008 (jun/2025) – 1 estrela;
- Citroën C3 Aircross (nov/2024) – 0 estrela;
- Fiat Pulse (dez/2023) – 2 estrelas;
- Citroën C3 (jul/2023) – 0 estrela;
- Jeep Renegade (jul/2023) – 1 estrela;
- Fiat Strada (out/2022) – 1 estrela;
- RAM 700 (out/2022) – 1 estrela;
- Fiat Argo e Cronos (dez/2021) – 0 estrela;
- Peugeot 208 (dez/2021) – 2 estrelas.
O secretário‑geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, classificou como preocupante a continuidade de modelos com desempenho tão baixo por parte de fabricantes líderes, especialmente na América Latina e no Caribe.
Resposta da Stellantis
A Stellantis afirmou que os veículos comercializados atendem às regulamentações nacionais e internacionais vigentes e que passam por testes no Safety Center em Betim (Minas Gerais). A empresa disse que a segurança é considerada desde o início do desenvolvimento, que a plataforma oferece carroceria com proteção ao habitáculo e que são usados aços de alta e ultrarresistência. A montadora também afirmou que não financia nem patrocina as avaliações do Latin NCAP.
Até a divulgação do relatório, não houve anúncio de medidas regulatórias ou ações adicionais confirmadas por autoridades ou pela própria Stellantis em resposta direta ao resultado do teste.