Informações equivocadas sobre saúde pública frequentemente circulam, mas a ciência tem desempenhado um papel fundamental em desmentir mitos que podem impactar a população. Pesquisas e análises de especialistas reiteram a importância do conhecimento baseado em evidências para decisões informadas e para a proteção da coletividade.
Resfriado e o frio
A noção popular de que a exposição ao frio provoca resfriados é um equívoco. Cientificamente, resfriados são causados por vírus, como o rinovírus, e não pela temperatura ambiente. Embora o frio possa afetar a resposta imune do corpo, tornando-o mais suscetível a infecções, ele não é o agente infeccioso direto. Da mesma forma, a friagem não pode ser responsabilizada por quadros como gripe ou covid-19, uma vez que todas essas infecções respiratórias possuem origem viral.
Vacinas e autismo
A alegada ligação entre vacinas e autismo foi amplamente refutada pela comunidade científica. A premissa surgiu de um estudo publicado em 1998, que posteriormente foi desacreditado e retirado de uma revista científica por conter dados fraudulentos. Extensas investigações realizadas ao longo dos anos, envolvendo milhões de crianças, confirmaram a ausência de qualquer conexão entre a imunização e o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um exemplo é o estudo conduzido por pesquisadores australianos e divulgado na revista Vaccines em 2014, que analisou diversas pesquisas com mais de um milhão de participantes e indicou que não há ligação entre vacinação e TEA.
Anticoncepcional engorda
A ideia de que o uso de anticoncepcionais orais leva a um ganho de peso significativo não encontra respaldo em evidências científicas. Especialistas, como a endocrinologista Maria Gallo da Universidade de Ohio, indicam que a crença de que a pílula engorda está mais associada à tendência natural do corpo humano de ganhar peso ao longo dos anos, especialmente na fase adulta. Estudos que analisaram diversos tipos de anticoncepcionais concluíram que não há um efeito evidente no aumento de peso. Contudo, é possível que algumas mulheres experimentem retenção de líquidos nos primeiros meses de uso, o que pode dar a impressão inicial de ganho de peso.
Suplementos vitamínicos
A crença de que suplementos vitamínicos oferecem proteção abrangente contra todas as doenças é imprecisa. A eficácia desses produtos depende de fatores individuais, como a necessidade do organismo, a dieta geral e a capacidade de absorção dos nutrientes. Para indivíduos saudáveis que mantêm uma alimentação equilibrada, estudos científicos demonstram que a suplementação não traz benefícios notáveis na prevenção de enfermidades. Uma revisão de mais de 277 ensaios clínicos, por exemplo, apontou que apenas três intervenções com suplementos tiveram resultados comprovados na redução de doenças cardiovasculares e neurológicas, enquanto a maioria dos suplementos não apresentou impacto relevante.
Hipotireoidismo e obesidade
O mito de que o hipotireoidismo causa obesidade já foi desmentido pela ciência. Embora essa condição possa reduzir o metabolismo e levar a um leve ganho de peso, este ocorre principalmente devido à retenção de líquidos e não ao acúmulo de gordura corporal. Estudos indicam que o impacto do hipotireoidismo no peso é pequeno e que a obesidade está mais relacionada a fatores como a alimentação, o sedentarismo e a genética. Além disso, pacientes que recebem tratamento adequado com reposição hormonal geralmente recuperam o equilíbrio metabólico e não apresentam ganho de peso significativo. O controle da alimentação e a prática regular de exercícios permanecem como os principais fatores para manter um peso saudável.