Nos últimos anos, empresas, órgãos públicos e pessoas em Salvador, na Bahia, e em outras regiões do Brasil passaram a depender cada vez mais de serviços digitais. Com isso, tornaram-se alvos atraentes para criminosos que exploram falhas em softwares, erros de configuração e, muitas vezes, o fator humano.
O que é um ciberataque?
Um ciberataque é qualquer ação maliciosa feita por meio de sistemas digitais para roubar informações, comprometer redes ou prejudicar serviços. Os invasores agem à distância e usam desde golpes de engenharia social até arquivos maliciosos para atingir objetivos financeiros, políticos ou de espionagem.
Como os ataques costumam ocorrer
De modo geral, os incidentes seguem etapas parecidas: primeiro vem o reconhecimento do alvo; depois a exploração de vulnerabilidades (por exemplo, por phishing ou instalação de malware); em seguida, a infiltração, com criação de portas traseiras; e, por fim, a execução do objetivo — como roubo de dados ou criptografia de arquivos — e tentativas de apagar rastros. Parece técnico, mas é similar a alguém vasculhando a vizinhança, encontrando uma porta destrancada e entrando para roubar.
Que métodos aparecem com mais frequência?
- Phishing: mensagens e sites falsos para obter senhas e dados bancários.
- Ransomware: criptografia de arquivos seguida de exigência de resgate.
- DDoS: sobrecarga de acessos para tornar serviços indisponíveis.
- Malware em geral (vírus, trojans, worms) e ataques que exploram a confiança das pessoas (engenharia social).
- Ataques a dispositivos de Internet das Coisas (IoT) e exploração de falhas em bancos de dados (como SQL Injection).
Casos que chamaram atenção
Em maio de 2021, a empresa Colonial Pipeline, nos Estados Unidos, sofreu um ataque de ransomware após invasores explorarem acesso por VPN sem autenticação de múltiplos fatores. A paralisação afetou o abastecimento regional e a empresa pagou cerca de US$ 4,4 milhões em bitcoins — parte desse valor foi recuperada pelo governo americano posteriormente.
Em dezembro de 2015, redes elétricas na Ucrânia foram afetadas por um malware conhecido como BlackEnergy 3, que interrompeu o fornecimento em subestações das áreas de Ivano-Frankivsk, Chernivtsi e Kyiv. Cerca de 230.000 consumidores ficaram sem energia por períodos entre uma e seis horas.
O ataque do NotPetya, em 2017, mostrou como um episódio aparentemente de ransomware pode, na prática, ser um destruidor de dados. O ataque explorou vulnerabilidades como a falha EternalBlue e técnicas de extração de credenciais, atingindo grandes empresas como Maersk, Merck e parte da FedEx (TNT), com prejuízos estimados em torno de US$ 10 bilhões.
Impactos
Os efeitos são múltiplos: perdas financeiras diretas (resgates, paralisações), multas regulatórias, danos à reputação e comprometimento da privacidade de clientes, cujos dados podem ser usados em fraudes. Quando setores críticos — como energia, transporte e saúde — são atingidos, as consequências chegam à população em forma de falta de serviços e riscos à segurança.
Como reduzir o risco
Medidas práticas e comprovadas ajudam a dificultar a ação dos invasores:
- Manter softwares e sistemas sempre atualizados.
- Usar autenticação multifator para acessos críticos.
- Implementar políticas regulares de backup e testar a restauração de dados.
- Promover educação continuada para usuários e equipes, reduzindo a eficácia de golpes de engenharia social.
- Manter firewalls e antivírus atualizados e adotar monitoramento contínuo por centros de operações de segurança (SOC).
Especialistas também alertam que avanços como a inteligência artificial e, no futuro, a computação quântica podem tornar ataques mais sofisticados — por exemplo, mensagens falsas mais convincentes ou tentativas de testar criptografias atuais. Em paralelo, surgem defesas como sistemas autônomos de detecção de anomalias e iniciativas de criptografia pós-quântica.
Em resumo: saber como os ataques funcionam e tomar medidas básicas — atualizações, backups, autenticação forte e treinamento — reduz consideravelmente o risco. Segurança digital não é apenas tecnologia; é uma combinação de processos, atenção humana e preparação.