Um chip experimental do tamanho de uma unha chamou atenção por juntar tamanho muito pequeno com desempenho alto. Pesquisadores da China e de Hong Kong disseram, em um estudo publicado na revista Nature, que o componente de 1,7 x 11 mm transmitiu em laboratório mais de 100 gigabits por segundo e funcionou em toda a faixa sem fio entre 0,5 e 115 GHz.
Como ele funciona
O segredo está numa abordagem fotónica-eletrônica: o chip age como uma ponte entre sinais elétricos e sinais de luz. Ele converte ondas de rádio em sinais ópticos, processa esses sinais com moduladores ultrarrápidos e depois os reconverte em dados sem fio — com menos ruído e mais estabilidade do que técnicas convencionais.
Professor Wang Xingjun, da Peking University, resumiu a ideia assim: “Esta tecnologia é como construir uma superestrada larga, onde os sinais eletrônicos são veículos e as bandas de frequência são pistas”.
Por que isso importa
Uma peça que cobre de 0,5 a 115 GHz pode alternar automaticamente entre faixas para evitar congestionamento e reduzir interferência. Imagina isso num estádio lotado ou no centro de uma cidade: a conexão pode ficar mais estável. Os autores também destacam usos exigentes, como streaming em alta definição e cirurgia remota.
Entre os benefícios práticos apontados estão:
- troca automática de bandas para evitar engarrafamentos;
- maior estabilidade em áreas com muitos usuários;
- capacidade de suportar aplicações com latência e largura de banda críticas.
Limites e próximos passos
Por enquanto, o avanço é experimental: os testes foram feitos apenas em laboratório. Para que a tecnologia chegue ao público será preciso desenvolver a infraestrutura do 6G, cuja implementação é prevista apenas para a próxima década.
Os pesquisadores trabalham para integrar melhor o sistema — tornando-o menor e mais eficiente — e planejam reduzir o consumo de energia. Também anunciaram a intenção de incorporar algoritmos de inteligência artificial para que as redes se autogerenciem, ajustem automaticamente frequências ideais e combinem comunicação com sensoriamento em tempo real.
Se essas etapas avançarem, o chip pode virar a base de uma internet móvel mais rápida, confiável e inteligente. Ainda assim, há caminho a percorrer antes que a tecnologia chegue ao seu celular.