Pesquisadores na China anunciaram avanços que podem acelerar a chegada das baterias de estado sólido aos carros elétricos. A promessa é atraente: mais autonomia, recarga mais rápida e segurança reforçada — em ensaios, baterias chegaram a oferecer mais de 1.000 km de alcance.
O que mudou
Em linhas gerais, as baterias de estado sólido trocam o eletrólito líquido por um material sólido. Isso reduz riscos (como reação e vazamento) e aumenta a densidade de energia — ou seja, mais quilometros com o mesmo peso. Ainda há obstáculos na produção em larga escala: materiais frágeis e condutividade limitada. Universidades e indústrias da China têm trabalhado juntas para superar esses pontos.
Três inovações que se destacaram
- “Cola especial” com íons de iodo – desenvolvida pelo Instituto de Física da Academia Chinesa de Ciências; age como um ligante, atraindo íons de lítio e melhorando a conexão entre eletrodos e eletrólitos.
- “Transformação flexível” – criada pelo Instituto de Pesquisa de Metais; usa polímeros para formar um esqueleto maleável que foi dobrado mais de 20 mil vezes sem fraturar, elevando a capacidade de armazenamento em até 86% nos testes divulgados.
- “Reforço fluorado” – aplicada pela Universidade Tsinghua; consiste em revestir o eletrólito com camadas de poliéteres fluorados para aumentar a resistência a altas temperaturas e a perfurações.
Do laboratório para a fábrica
Relatos citados pela CCTV apontam que, com essas melhorias, uma bateria de cerca de 100 kg poderia oferecer mais de 1.000 km em condições de ensaio. No setor industrial, já há progressos: o modelo MG4, da SAIC, foi apresentado como o primeiro veículo com bateria semi-sólida produzido em larga escala. Empresas como CATL e BYD concentram mais da metade das vendas globais de baterias, o que mostra a força da cadeia chinesa.
Montadoras fora da China também se movimentam. A Toyota pretende lançar seu primeiro carro com bateria de estado sólido entre 2027 e 2028, e a Mercedes-Benz já testou um veículo que alcançou 1.205 km em ensaios.
E o que isso significa para o Brasil — e para a Bahia?
O avanço abre possibilidades para consumidores, frotas e o mercado automotivo local, mas a transição depende de fatores como escala de produção, custos e infraestrutura de recarga. O que muda para quem está em Salvador ou em outras cidades brasileiras é que essas tecnologias, se se tornarem comerciais, podem aumentar a oferta de veículos elétricos com maior autonomia e menor tempo de recarga.
Em suma: a China reforçou seu papel na corrida por baterias de nova geração, apresentando soluções concretas que aproximam o produto do mercado. Resta acompanhar a evolução das linhas de produção e quando essas baterias estarão disponíveis de fato para os consumidores.