Uma mulher de 64 anos, moradora de Nova Gales do Sul, Austrália, teve um verme vivo de 8 centímetros, comum em cobras píton, removido do seu cérebro em um procedimento inédito no mundo. O caso foi divulgado em 2023 por meio de um estudo publicado na revista científica Emerging Infectious Diseases.
No início de 2021, a paciente apresentou sintomas como dor abdominal, diarreia, tosse seca e febre. Em 2022, ela começou a sofrer lapsos de memória, confusão mental e agravamento de um quadro depressivo, o que motivou a realização de uma ressonância magnética. O exame revelou uma lesão incomum no lobo frontal direito do cérebro.
Durante a cirurgia realizada no Hospital de Canberra, os médicos encontraram um verme vivo alojado na região cerebral afetada. O parasita foi identificado como Ophidascaris robertsi, um nematoide que normalmente parasita cobras píton, especialmente as pítons-tapete, que habitam a região próxima ao local onde a paciente colhia verduras para consumo.
A hipótese dos pesquisadores é que a infecção tenha ocorrido pelo contato direto com a vegetação contaminada por fezes de pítons ou pela ingestão de verduras mal lavadas. Este é o primeiro caso documentado de infecção cerebral por esse parasita em humanos, o que representa um alerta para o aumento das zoonoses — doenças transmitidas de animais para humanos — em áreas de maior contato entre espécies.
Após a remoção do parasita, a paciente recebeu tratamento com vermífugos e corticoides para evitar inflamações perigosas causadas pela morte das larvas. Ela está em recuperação e continua sendo monitorada regularmente pelos médicos.
O caso reforça a importância da vigilância em saúde pública para doenças zoonóticas, embora não haja risco de transmissão entre humanos.